GOLDINCISION®: UMA ABORDAGEM MULTIFATORIAL NO TRATAMENTO DA CELULITE

Conteúdo extraído do livro “Vitória Contra a Celulite” do Dr Roberto Chacur, Ed. AGE, 2023.


Dr. Roberto Chacur

INTRODUÇÃO
Goldincision
® é uma marca registrada que utiliza métodos consagrados de tratamento, como o descolamento subcutâneo dos septos fibrosos da celulite e o uso de produtos bioestimuladores (produtos particulados) (CHACUR et al., 2019).
Trata-se não apenas d
e uma associação de técnicas, mas também aborda a forma de realizá-las: como avaliar o paciente; como fotografar; como preparar a solução anestésica; como infiltrar (uso de microcânulas); qual é o plano de infiltração; como bioestimular; quais são os produtos utilizados; como preparar cada um dos produtos (diluição); qual é a quantidade desejada pela área tratada; quais são os protocolos de aplicação (como infiltrar – com uso de microcânulas) e qual é a sequência para aplicar  cada uma das técnicas já utilizadas na medicina (CHACUR et al., 2019).
Não obstante, após a anestesia nas regiões a serem tratadas, e pos
teriormente à aplicação do produto predeterminado entre o médico e  o paciente, temos o descolamento dos septos fibrosos, que será realizado com o paciente em pé, para que o profissional capacitado consiga descolar cada uma das irregularidades de forma precisa. Dessa maneira, é possível visualizar de imediato a correção das irregularidades, o que dificilmente se consegue com o paciente em decúbito (deitado) (CHACUR et al., 2019).
Sendo assim, o modo de realizar cada uma das técnicas já reconhe
cidas, o protocolo de avaliação e acompanhamento, o intervalo entre as sessões e o uso de técnicas com curativo compressivo, malhas compressivas, cremes para minimizar e acelerar as manchas hipercrômicas, provenientes principalmente do depósito de hemossiderina, segue-se um protocolo a que todos os usuários da marca devem obedecer.

Com a colaboração de colegas médicos experientes, o Dr. Roberto Chacur reúne neste livro uma abordagem em torno do tema que vai desde a gênese da celulite, o método próprio de avaliar e classificar, as doenças associadas e a modulação hormonal até os tratamentos existentes, o que realmente funciona e por qual motivo o método GOLDINCISION é considerado o padrão ouro.

ORIGEM E USO DO TERMO “CELULITE”

Celulite é uma palavra coloquial usada para denominar o depósito de
gordura e de tecido fibroso que causa ondulações na pele. No entanto, o

sufixo
-ite, que significa inflamação, é mal utilizado, pois nem sempre há
inflamação ou infecção do tecido subcutâneo (
MENDONÇA et al., 2009;
ATAMOROS
et al., 2018; NÜRNBERGER; MÜLLER, 1978).

A palavra celulite originou-se na literatura médica francesa há mais
de 150 anos. No entanto, a expressão médica correta usada para essa

condição é “paniculopatia edematosa fibroesclerótica” ou “lipodistrofia

ginoide”
. Ela é comumente conhecida como uma alteração dermatológi
ca, porém existem diferentes teorias para definir o
seu conceito, confor
me explicado em capítulo
s anteriores (ATAMOROS et al., 2018; AFONSO
et al.,
2010).

FORMAÇÃO

A celulite é muito mais complexa do que um simples acúmulo de gordura. O
fator-chave é a presença de estrogênio; por isso ocorre quase que exclusiva

mente em mulheres pós-púberes e, de fato, está presente
em 80 a 95% das mulheres,
em áreas nas quais a gordura é mais predominante e onde esse

hormônio está presente, como nádegas, coxas e quadris (
MENDONÇA et al.,
2009; ATAMOROS
et al., 2018; AFONSO et al., 2010; EMANUELE; 2013).
Uma das teorias para o aparecimento da celulite refere-se à ocorrên

cia de edema no tecido conjuntivo, o que causa grande acúmulo de água e

gera a celulite. Outra hipótese é a compressão dos sistemas venoso e linfá

tico,
que altera a microcirculação, resultando na celulite, principalmente
pelo fator obesidade. Uma terceira possibilidade é de que
esse quadro pos
sa estar associad
o à diferença de orientação das fibras do tecido conjun
tivo, que são perpendiculares nas mulheres e oblíquas nos homens, expli

cando a maior incidência
dessa condição em mulheres (ATAMOROS et al.,
2018
; TOKARSKA et al., 2018; FRIEDMANN; VICK; MISHRA, 2017).
O aparecimento da celulite também pode ser influenciado pela redu

ção
do colágeno, por estresse, sedentarismo, obesidade, hereditarieda
de, anticoncepcionais
hormonais, idade, sexo, gravidez, nutrição, entre
outros
fatores (MENDONÇA et al., 2009; ATAMOROS et al., 2018; NÜRN
BERGER
; MÜLLER, 1978; SCHONVVETTER; SOARES; BAGATIN, 2014;
NÜRNBERGER, 1981).

Causas da celulite – Teorias

Nürnberger (1981) e Müller (1978) – Diferente arquitetura na es
trutura do subcutâneo entre homens e mulheres, com comparti

mentos de gordura e fibras transversais com lobos mais retan

gulares, além de as fibras no tecido feminino serem mais fortes

e a gordura comprimida resultar no aspecto de casca de laranja.

Merlen (1984) e Curri (1986) – Modificações vasculares e na dre
nagem linfática, correlacionando com as fibroses.

Gruber (1999) e Draelos (2005) – Correlacionam com a ação do
estrogênio e o depósito de glicosaminoglicanos (GAGs) pelos fi

broblastos dérmicos. A adiponectina apresenta função metabóli

ca regulatória e sensibilizadora da insulina no fígado e, nos mús

culos, atua como citocina anti-inflamatória e vasculoprotetora.

Emanuele et al. (2011) – Correlacionaram o nível baixo da adi
ponectina em pacientes com celulite. A adiponectina apresenta

função metabólica regulatória e sensibilizadora da insulina no
fígado, e
nos músculos atua como citocina anti-inflamatória e

vasculoprotetora.

Em setembro de 2021, estudo publicado na PRS (WHIPPLE et al.,
2021): Foi constatado em exame de ultrassom que em 97,6% dos

casos (169 de 173 irregularidades) havia a presença de septo fi

broso, e 84,4% deles tinham orientação oblíqua x perpendicular,

sendo 90% com origem na fáscia superficial, e 11% eram relacio

nadas à estrutura vascular, além de ser mais frequente em pes

soas obesas ou com sobrepeso.

Todos estavam corretos em suas observações e todas as teorias es

tão correlacionadas. O aspecto principal está ligado ao septo fibroso.

A celulite
é considerada uma doença multifatorial, envolvendo
circulação, drenagem linfática deficiente, gordura localizada, flacidez

e septos fibrosos
. É reconhecida pelas irregularidades sobrejacentes às
regiões glútea e da coxa, que
podem ser acompanhadas de dor, principal
mente nos estágios mais avançados
; e também o aumento dos nódulos
de gordura resulta
nesses estágios. Com esse aumento, sua projeção é
contraposta pela força de resistência das trabéculas de suporte conjun

tivo.
Logo, tratamentos com medicações tópicas e/ou orais não apresen
tam resultados muito satisfatórios quando utilizados em graus avança

dos de celulite.

analise-com-ultrassonografia

Análise com ultrassonografia do septo fibroso confirma que cada septo é único e não segue um padrão de profun- didade, nem vetorial. Fonte: acervo do autor

 

Por afetar quase todas as mulheres, é uma queixa muito comum em
nossos consultórios, e o seu tratamento é um verdadeiro desafio, pois

sua origem
se deve ao envolvimento do tecido conjuntivo subcutâneo,
com causas multifatoriais que comprometem a estrutura do tecido adi

poso
(ROSSI; VERGNANINI, 2000). A técnica denominada Goldincision®
estabeleceu
-se no Brasil devido à sua eficácia e segurança.

MÉTODO GOLDINCISION®

Como nem todos os diferentes tratamentos para celulite têm eficácia
comprovada, com o método Goldincision
® procuramos padronizar téc
nicas reconhecidas de forma minimamente invasiva, com o paciente

acordado, com segurança e com resultados eficazes. O primeiro passo é

a anestesia local, seguida pela bioestimulação
com produtos particula
dos, que auxiliam no tratamento do neocolágeno e na melhora da circu

lação, uma das causas da celulite
(CHACUR et al., 2019).


A técnica padronizada denominada Goldincision
® apresenta proto
colo próprio de
avaliação, marcação de celulite, anestesia local e bioesti
mulação de colágeno (antes do descolamento), cujo objetivo é estimular

a qualidade geral da pele em toda a região e não pontualmente na celu

lite.
Esse procedimento é realizado com uma microcânula romba de 10
cm x 18 G e distribuída por toda a região, sempre com uma cânula móvel

semelhante à
da lipoaspiração, até o momento com o paciente deitado
(CHACUR
et al., 2019)

ANESTESIA LOCAL

A anestesia local é realizada com lidocaína 2% com vaso, diluída na pro
porção 1:1, calculando e respeitando sempre o máximo permitido por

kg, para segurança total do procedimento. A
anestesia é realizada com
o
paciente em decúbito, com um pertuito lateralmente à direita de cada
septo
fibroso (para destro) e preferencialmente à esquerda para canho
tos
. O descolamento seletivo de cada septo é realizado de baixo para
cima em cada ponto.

Aspectos observados na anestesia:
Com o paciente em decúbito – após a marcação e pertuito de en
trada (1 pertuito por septo) –, a anestesia é realizada apenas nas

regiões a serem descoladas – cânula 10 cm x 1 mm.

Lidocaína 2% com vaso 1: 100.000:
°
a lidocaína tem toxicidade baixa em relação aos demais anes
tésicos. Ela apresenta uma
ação rápida, iniciada entre 3 e 5
minutos
de duração média de 1 hora em polpa e de 3 a 5 ho
ras em tecidos moles. Dose máxima: 7 mg/kg em pacientes

adultos.

Metabolismo hepático.
Manter cuidados especiais com idosos, pois são mais sensíveis ao
vasoconstritor.

Superdosagem de anestésico: sonolência, perda de consciência e
até mesmo parada respiratória.

No Quadro 11.1 tem-se
o cálculo realizado para uma paciente com
60 kg, em que podemos utilizar com
segurança 21 ml de anestésico li
docaína
2% com vasopressor. Em outras palavras, podemos preparar 42
ml de
solução total, conforme descrito no método, diluindo 1:1 em soro
fisiológico.


Após a marcação em ortostatismo, com o paciente deitado (em decú

bito), realizamos o botão anestésico em cada septo a ser tratado e a infil
tração é
feita com
microcânula atraumática (ponta romba), 10 cm por 1
mm (a mesma que utilizaremos para bioestimular a região). O anestésico

deverá ser espalhado apenas onde ocorrerá o descolamento septal, sem

pre
deixando uma reserva (5 ml) de solução, para que possamos utilizar
em algum ponto de maior desconforto no decorrer do
descolamento.
O descolamento de septo deve ser realizado com o paciente em pé,

o que permitirá
um resultado mais preciso, descolando o mais profundo
e
o mais seletivamente possível apenas o septo, e não a região como um
todo
. Essa questão será discutida mais adiante.

Cálculo da anestesia quanto à toxicicidade – máximo permitido

Cálculo da anestesia quanto à toxicicidade – máximo permitido

 

Exemplo calculado

Exemplo calculado

BIOESTIMULAÇÃO: LIPOESTIMULAÇÃO

Em um procedimento de lipoaspiração, a gordura é retirada de forma
simétrica e bem distribuída, para evitar o risco de irregularidades sub

dérmicas
. Já na lipoestimulação, implantamos produtos particulados com objetivo
não volumizador,
mas como estimulador de neocolagêne
se, conforme já discutido.

Essa técnica pode ser realizada com anestesia local e com micro

cânulas, sem
cortes, pontos ou cicatrizes. Costumamos usar uma mi
crocânula
de 10 cm de comprimento para minimizar a necessidade de
mais orifícios,
atuando geralmente mediante um único orifício de 0,7
a 0,9 mm, na região glútea central. Assim, conseguimos bioestimular

toda a região. Primeiramente, injetamos a anestesia e depois o produto;

é adequado injetar em cada nádega cerca de 30 ml de produto
particu
lado (nunca géis como Aqualift ou ácido hialurônico). Sabemos que um

produto a 20%, seja polimetilmetacrilato ou hidroxiapatita de cálcio, ou

mesmo ácido
polilático (desde que tenha 40 mícrons de diâmetro), é su
ficiente para estimular aproximadamente 80% do tecido autólogo do pa

ciente (4 vezes mais que seu próprio volume)
; esse é um tecido conjun
tivo rico em colágeno (um tecido sólido). Por isso, não podemos deixar o

produto acumular
-se no plano superficial, pelo risco de formação de nó
dulos, tornando-se palpável ou mesmo visível (
LEMPERLE; MORHENN;
CHARRIER, 2003; LEMPERLE
et al., 2010).
Por fim,
assim como na lipoaspiração, o movimento é o mesmo: só
podemos injetar o produto com a cânula em movimento; se aspirarmos

irregularmente, a lipo será irregular; se lipoestimularmos irregular

mente,
o produto pode ficar desigual.

Demonstração de como realizar anestesia

Demonstração de como realizar a anestesia. Fonte: acervo do autor

PRODUTOS BIOESTIMULADORES

O PMMA (polimetilmetacrilato Biossimetric®), a hidroxiapatita de cál
cio (Radiesse
®) e a policaprolactona (Ellansé®) são biopolímeros utili
zados como preenchedores apresentados na forma de microesferas, com

diâmetros entre 40 micrômetros, misturados em um veículo de suspen

são, como carboximetilcelulose ou hidroximetilcelulose. Visando à volu

metria, ambos os fabricantes apresentam seus produtos em concentra

ções de 30%, em que teremos cerca de 9 milhões de partículas por ml de

produto, que são responsáveis por uma reação tecidual de aproximada

mente 70%, objetivando
manter o volume implantado na região tratada,
onde
o veículo é substituído por tecido do próprio paciente, conforme o
gráfico
apresentado na Figura 11.3.

grafico-evolucao-pmma

Esquema gráfico com a parte veicular sendo substituída por tecido. Fonte: acervo do autor.

 

Partículas de PMMA (polimetilmeta- crilato) envoltas por tecido conjuntivo

Partículas de PMMA (polimetilmetacrilato) envoltas por tecido conjuntivo. Fonte: Lemperle (2010).

 

Os bioestimuladores atuam com a absorção apenas do veículo e com
a bioestimulação tecidual ao redor das partículas, como no ácido poli-L

-láctico (Sculptra
®), na hidroxiapatita de cálcio (Radiesse®), na polica
prolactona (Ellansé
®) e no polimetilmetacrilato (Biossimetric®). Esses
são os principais produtos com ação bioestimuladora utilizados no Bra

sil.
Com exceção do poli-L-láctico, que historicamente foi utilizado como
bioestimulador,
os outros produtos foram inicialmente utilizados como volumerizadores
a uma concentração de 30%. Entretanto, eles também

podem ser
usados como bioestimuladores quando aplicados em peque
nas
quantidades e distribuídos uniformemente no plano subdérmico.
Isso ocorre devido às suas propriedades de estimular a neocolagênese

por meio de uma resposta inflamatória
controlada.
Cada um desses produtos requer um tempo para absorção e dilui

ção, o qual varia. Dependendo do produto, o profissional precisa prepa

rar uma solução
mais diluída, visando a uma distribuição mais uniforme em toda a área tratada.

Protótipo dos boesti- muladores

Protótipo dos boestimuladores.



O Scuptra
® foi lançado no mercado mundial como um preenchedor
em 1999 e foi aprovado pelo Federal Drug Administration (FDA) – ór
gão regulador dos EUA –
em 2004 para tratar lipoarofia em pessoas com
HIV. Além disso, tem duração de aproximadamente 1,5 ano.

O Sculptra
® é o protótipo do ácido-poli-L-láctico. Já existe outro no
mercado, chamado Rennova Elleva, que vem em pó dentro de um re

cipiente associado
a manitol e carboximetilcelulose. Antigamente, in
dicava-se diluir
essa substância com 48 horas de antecedência, mas, recentemente, viu-se que não
era
mais necessário. A diluição para a realização
no
método Goldincision® faz-se unicamente com
a água
de injeção, ou, mais precisamente, com a
realização de uma solução com 9 ml, que será as

pirada em 3 seringas de 3 ml, para melhor preci

são e distribuição do produto na região a ser tra

tada. Isso porque desejamos que todo anestésico

disponível calculado pelo peso da paciente seja in

filtrado no local dos septos fibrosos. Mais adian

te, abordaremos os aspectos gerais dos produtos

bioestimuladores.

Como bioestimulador, o Radiesse
® é diluí
do 1:1 em água para injeção
ou em soro fisiológi
co
, transformando uma concentração de 30 para
15%, para melhor distribuição. Da mesma for

ma que os demais bioestimuladores, optamos por

concentrar o máximo de anestesia possível nas

áreas dos septos fibrosos, visto
que a distribuição do produto de forma subdérmica com microcânula
e a solução com ou sem anestesia não variam signi

ficativamente, fazendo com que concentremos todo

o possível para maior conforto do paciente no mo

mento do descolamento das aderências (parte final

e principal do
procedimento).


Segundo o fabricante, a biorreabsorção total das

micropartículas de PCL é definida por duas fases

previsíveis e controladas. A previsibilidade dessas

fases define a segurança e o desempenho da Família

Ellansé
®. Ao contrário de alguns outros preenchedo
res dérmicos, que começam a biorreabsorver desde

o primeiro dia após a injeção,
o Ellansé® cria um de
sempenho imediato e sustentado, devido ao padrão

de biorreabsorção exclusivo das microesferas PCL,

em que a massa e o volume iniciais
destas permane
cem intactos durante a primeira fase. Eventualmen

te, após vários meses ou anos, dependendo da opção

de longevidade escolhida de Ellansé
®, o volume e a
massa dos
preenchedores começam a diminuir, de
pois de
alcançar o efeito desejado.

Produzido pela Merz Aesthetics, é aprovado pela FDA desde 2006 como implante subdérmico para a correção de rugas moderadas a severas e sinais de lipoatrofia.

 

ellanse-vitoria-contra-celulite

Composto à base de partículas de policaprolactona com 40 mi- cras em carboximetilcelulose, fabricado pela AQTIS, em Utrecht, na Holanda.

 

Mecanismo de ação

Mecanismo de ação. Fonte: acervo do autor

 

pmma-biossimetric

Biossimetric®: preenchedor “definitivo” e bioestimula- dor de colágeno de longa duração à base de PMMA, aprovado pela ANVISA desde 2009.

 

A partícula do PMMA sofreu modificações ao longo desses 30 anos.
A sua primeira geração, conhecida como Arteplast, era formada por mi

croesferas de superfície irregular e de tamanhos variados, as quais favo

reciam a principal complicação, a ocorrência de granulomas, com um índi

ce de 2,5%. Em 1994, os laboratórios começaram a produzir esferas mais

lisas e com tamanhos regulares, entre 30 e 50 micras, sendo então a se

gunda geração. Com partículas maiores do que 30 micras, foi possível re

duzir o índice de granuloma para menos de 0,01%, enquanto o limite de

50 micras evitava perdas na reação tecidual e estimulação de colágeno.

metacril

Em 2006, o preenchedor foi liberado pela agência de saúde norte-
-americana (FDA), em função da purificação do PMMA e do lançamento

da terceira geração, que trouxe menores chances de infecção, de alergia

e de granuloma. Em 2007, a Anvisa proibiu a fabricação de PMMA por

farmácias de manipulação e passou a aplicar um rígido controle de qua

lidade para liberar a produção e a comercialização do produto no Brasil

apenas por indústrias.

Atualmente, o PMMA está em sua quarta geração, o que significa um

produto livre de impurezas, com microesferas de tamanho regular e su

perfície nanotexturizada, fatores que reduzem consideravelmente o ris

co de granuloma, infecção, alergia e rejeição, e aumentam a fixação e o

estímulo à produção de colágeno, conforme estudos preliminares divul

gados por Lemperle em 2019.

Formulado em concentrações de 5%, 10%, 15% e 30%, assim como

na diluição do Radiesse
®, inicialmente 30% diluído 1:1, o Biossimetric®
já foi produzido especificamente nessa concentração para não apenas

facilitar a vida do profissional atuante, mas também pela segurança de
ser um produto
industrializado com esse objetivo. A mistura em con

sultório sempre oferece maior risco de contaminação e uma precipita

ção diferente, não permitindo homogeneidade na solução, com possível

precipitação de produto no frasco ou na seringa, podendo não promover

distribuição igualitária na região a ser tratada.

O Biossimetric
® com concentração de 15% é o produto de escolha e
homologado pelo método Goldincision
®.

PMMA de terceira geração

PMMA de terceira geração. Fonte: acervo do autor

 

ASPECTOS GERAIS SOBRE OS PREENCHEDORES

(Exceto ácido polilático) quando o objetivo é volume


Assim como os demais preenchedores que objetivam volume, queremos

que cada produto tenha um volume final semelhante ao implantado, ou

seja, que cada mililitro implantado me proporcione 1 ml de ganho fi

nal em volume, para que possamos modelar o nosso paciente com uma

forma precisa e com um resultado previsível. Não desejamos implantar

1 ml que aumente de volume transformando-se em 3 ml, nem implantar

3 ml que possam reduzir para 1 ml, pois não teríamos resultado previsível.

Sendo assim,
implantando volume na mesma região de pacientes
idênticos, terei um aspecto volumétrico muito parecido, seja aplicando

ácido hialurônico,
seja utilizando alguns outros hidrogéis, como Radies
se
® em sua concentração original de 30%; Biossimetric®, em sua con
centração original de 30%; ou até Ellansé
® em sua concentração original
de 30%. A exceção é
o Sculptra®, para o qual convencionamos a diluição
maior e seu uso como bioestimulador, não para ganho volumétrico e al

teração de proporção, facial
ou corporal.
Considerando que
esses produtos têm um mesmo poder volumeri
zador, o aspecto
(formato) final de cada rosto, por exemplo, será exata
mente
igual. Assim, dependerá única e exclusivamente do trabalho do
artista (profissional injetor) a capacidade de transformar, restabelecer

volumes e trabalhar com projeção, luz e sombra.

Teremos cada produto com as suas peculiaridades, durabilidade,

consistência, elasticidade e sua reologia, mas o aspecto visual será o

mesmo.

Microscopia

acido-hialuronico-e-hidroxiapatita

Ácido hialurônico e hidroxiapatita de cálcio (HarmonyCa®). Fonte: acervo do autor

 

Quando falamos em produtos particulados, falamos em preenchi
mentos vivos, pois existe uma reação tecidual local, com aumento do seu

metabolismo, ocorrendo neovascularização e estímulo tecidual com um

novo colágeno. Sim, estamos atuando exatamente de forma oposta à gê

nese da celulite. Sabemos que pacientes acometidos por esse problema

têm alta quantidade de estrogênio, com diminuição da circulação local

e da adiponectina, o que leva a menor metabolismo local. Com a infiltra

ção de produtos particulados, atuaremos na gênese desse quadro, me

lhorando a condição geral da pele e as celulites de baixo grau, além de

prevenir o aparecimento de novas.

O pet scan é realizado por meio da administração de um traçador,
que normalmente é a glicose marcada com uma substância radioativa,

sem danos à saúde e com a possibilidade de visualizar as regiões com o

aumento do metabolismo local.
208 Vitória contra a celulite
O
pet scan é realizado por meio da administração de um traçador,
que normalmente é a glicose marcada com uma substância radioativa,

sem danos à saúde e com a possibilidade de visualizar as regiões com o

aumento do metabolismo local.

Nota-se na paciente acima a manutenção não somente volumétrica,

mas também na bioestimulação de colágeno ao longo de 10 anos. Com

exceção dos lábios, da toxina e da rinoplastia, todo o restante foi feito

com PMMA. A paciente não realizou
lasers. Observa-se melhora da pele,
mesmo 10 anos após o início do tratamento apenas com PMMA.

A paciente associou em um mesmo momento bioestímulo facial to

tal (em todo o subdérmico com PMMA 10%, com ênfase em bioestímu

lo), para a melhora da pele, e não um ganho volumétrico; em nível intra

muscular ou justa ósseo, o PMMA em mento e mandíbula a 30%, malar

e olheiras a 10%.

Importante relembrar que quando objetivamos volumerizar, princi

palmente em se tratando de produtos de longa duração, este deve ficar
no músculo,
sustentando, e não na pele, pesando. Nesta, colocamos pro

dutos mais diluídos e bem distribuídos, repondo o volume perdido e com

consistência melhor.

É frequente escutarmos que, após a aplicação do
PMMA, o paciente
não poderá realizar qualquer outro tipo de procedimento no local em que

ele apresente o produto. Não existe, até o momento, nenhum aparelho ou

tecnologia que altere o PMMA implantado. Já utilizamos diretamente na

partícula
laser de yag do laser-lipo; laser yag pulso curto (lesão pigmentar
e
tatoo), além de ultrassom microfocado, com microscopia antes e depois
da realização dos aparelhos, mostrando as partículas inalteradas.

Conforme o laudo da Figura 11.19, esse biopolímero é muito resis

tente ao calor.

Na análise termogravimétrica (TGA)
apresentada na Figura 11.20,
o primeiro evento térmico mínimo ocorreu na amostra quando a tem

peratura era de 135°C, sendo que apenas acima de 250°C ocorrem alte

rações relevantes; hoje até mesmo
lasers invasivos, como os laser-lipo,
chegam a temperaturas de 70°C.
Um exemplo é que, no laser Bodytite,
na fibra mais profunda,
tem-se entre 70 e 80°C sobre a pele e 85°C com
o aparelho
Renuvion (tecnologia jato de plasma de hélio). Assim, confir
mando a experiência realizada por mim, encaminhando o pó do PMMA

(partículas) a colegas que realizam o
laser-lipo diretamente sobre elas e
realizando microscopia antes e depois, sem alteração nenhuma na iden

tidade do produto.

SUBCISION™

O termo subcision foi criado pelos autores David e Norman Orentreich
com a contração das palavras
subcutaneous e incisionless. Eles registra
ram o termo nos Estados Unidos em 1994 e publicaram um artigo cien

tífico
na Dermatol Surg em 1995 (ORENTREICH; ORENTREICH, 1995).
Os autores, já na ocasião, citavam técnicas semelhantes, incluindo

descolamento,
uso de substâncias preenchedoras em sulcos e retração
de cicatrizes, publicadas previamente por Spangler (1957).
Eles utiliza
ram
a agulha especial usada na oftalmologia “Bowman íris Needle”, que
descolava a retração cicatricial antes de preencher com uma espuma de

fibrina (
SPANGLER, 1957). No texto, os autores ainda citavam o traba
lho de
Gottlieb (1977), com o desenvolvimento do Fibrel, um kit equipa
do com uma agulha utilizada para descolar depressão cicatricial.
Eles ci
taram também o trabalho de Koranda, que publicou
um artigo em 1989
sobre o tratamento de retração cicatricial de acne utilizando uma “lâmi

na de castor” abaixo da cicatriz para descolar a retração, permitindo a

formação de coágulos para
o aumento da sua elevação. Por fim, David e
Norman Orentreich
citaram, ainda, o trabalho de Hambley e Carruthers,
que, em 1992, utilizaram uma agulha 18 G para liberar aderência sob en
xerto de
pele nasal antes de microenxerto de
gordura (HAMBLEY; CAR
RUTHERS, 1992
).
O Subcision foi publicado por David e Norman Orentreich como
ten
do
um dos diferenciais o descolamento das retrações sem a necessida
de de qualquer produto injetável, pois não seria necessário, visto que o

próprio trauma da agulha promoveria, de forma autóloga (do próprio

paciente), um estímulo tecidual. Até então, existiam diversas publica

ções utilizando descolamento das retrações cicatriciais, mas nenhum

sem uso de substâncias preenchedoras.
Com isso, esta foi a proposta dos
autores: realizar os descolamentos já antes publicados, porém sem uso

de substâncias
preenchedoras (NÜRNBERGER; MÜLLER, 1978).
Em 2000, a Dra. Doris Hexsel reproduziu o trabalho que os dou

tores Orentreich publicaram sobre as retrações cicatriciais, mas para

as de celulite com o mesmo propósito e o mesmo nome (Subcision),

mantendo como teoria a não utilização de substâncias preenchedo

ras (
HEXSEL; MAZZUCO, 2000). Logo, se fossem utilizadas substân
cias preenchedoras ou bioestimuladoras no processo, não poderíamos

cham
á-lo de Subcision.
O
Subcision, ou subcisão, é considerado um nome genérico, e, por
tanto, não existe registro no INPI como marca.
Essa técnica consiste no
descolamento de septos fibrosos em áreas selecionadas, com resultados

pontuais. O descolamento
, até então, é realizado pela Dra. Doris Hexsel
com anestesia
local, que é infiltrada com agulha e realizada com o pa
ciente deitado durante todo o procedimento
(HEXSEL; MAZZUCO, 2000).
Já o
Goldincision® aborda não só os septos fibrosos, mas também a
reestruturação do colágeno na pele como um todo (e não em pontos iso

lados), melhorando a flacidez, a circulação (indução de neovasculariza

ção) e a drenagem linfática. Além disso, é fundamental a infiltração
de
substâncias bioestimuladoras (diferentemente do Subcision).
O procedi
mento é realizado a partir de uma avaliação holística, de forma estáti

ca
e dinâmica (com o paciente em movimento), incluindo a definição do
produto ideal e o tratamento em posição ortostática sob anestesia lo

cal, o que é fundamental, porque
, nessa posição, e apenas nela, podemos
avaliar o resultado imediato. Precisamos tirar o mínimo possível, mas o

suficiente para nivelar a irregularidade, sob o risco de causar um
“estu
fado”
local em casos de descolamento em demasia.

COMO SURGIU O GOLDINCISION®?

O Goldincision® surgiu pela necessidade de tratar as irregularidades de
pacientes que buscavam diariamente a correção volumétrica do bum

bum e
se incomodavam com eventuais irregularidades. Fui tratando es
ses casos
das mais diversas formas existentes, observando as vantagens
e
desvantagens de cada uma delas, principalmente suas formas de apli
cação
. Inicialmente, descolava com anestesia local e o paciente deitado,
mas o resultado não parecia imediato, sem contar que
, muitas vezes, a
aderência se formava novamente. Assim, resolvi fazer com o paciente

em pé, para melhor visualizar as irregularidades, mesmo que já demar

cadas previamente, e percebi que nessa
posição conseguia não apenas
observar
as irregularidades, mas também sua evolução com o descola
mento, que deve ser o mais profundo e seletivo possível.

Apesar disso
, percebia que muitas voltavam e que não atuávamos
na pele como um todo. Então, além de descolar, eu preenchia, mas, dessa

forma, eu tinha o risco de acumular mais
produto na região de “pele sol
ta”
, podendo favorecer o aparecimento de nódulos por acúmulo de produto.
Foi então que percebi ser mais adequado e até mais seguro distri

buir o produto sem o objetivo de volumerizar abaixo da depressão, mas

espalhar como um todo, pensando na melhoria da qualidade da pele
; em
bioestimular
; melhorar a vascularização e o metabolismo local; e no
todo
mais seguro, pois, até ali, não haveria dano vascular algum.
Sobre os dispositivos de descolamento, foi desenvolvida, seguindo a

proporção áurea, a agulha LeGolden, que é um protótipo em ouro com

diamante, chanfrada para melhor corte bilateral, com orifício que per

mite a introdução de anestésico local, para reduzir até o menor descon

forto do paciente. O diamante ajuda a sinalizar não apenas o furo, mas

também as arestas cortantes da agulha dourada.

Além de anestesiar com microcânulas (maior conforto), bioestimu

lar com microcânulas e realizar o tratamento com o paciente em pé, eu ti

nha que minimizar riscos como hematoma, seroma e hiperpigmentação.

Protótipo goldenneedle

Protótipo goldenneedle. Fonte: acervo do autor.

 

A condução na forma de “estancar o sangramento”, com cosméticos
pós
-procedimento, bermuda compressiva e curativo compressivo, foi
descrita neste livro. Foram milhares de
abordagens ao longo de muitos
anos até chegar à
metodologia atual. Tentamos compressão com gelo,
peso, curativos com
tapes, até mesmo géis. Hoje, conseguimos, com mãos
habilidosas
, resultados incríveis, considerados mágicos, reconhecidos
não apenas
pela população em geral, mas também no meio médico. Con
tudo
, pode ser que, em um futuro próximo, a técnica se aperfeiçoe ainda
mais.

Os cuidados pós-procedimento que previnem efeitos adversos e não

deixam cicatrizes fazem do Goldincision
® um tratamento de sucesso e
com grande grau de satisfação entre os pacientes.

PROTOCOLO GOLDINCISION®

O tratamento inicia-se somente após a análise completa, consentimen
to informado, contrato assinado e registro fotográfico (em alguns casos,

gravação de vídeo em movimento).

A ultrassonografia foi incorporada à rotina dos nossos atendimen

tos, não só para avaliar e planejar melhor o nosso tratamento, mas tam

bém no auxílio de possíveis intercorrências.

Após esse procedimento inicial, com o paciente em posição ortos
tática, primeiro estático
e depois em movimento, todas as áreas que se
rão
abordadas para o descolamento dos septos fibrosos são marcadas de
forma detalhada,
ponto a ponto. Para maior conforto, a anestesia local
é injetada com o paciente
em decúbito, com ênfase nessas áreas, utili
zando-se
solução com lidocaína na diluição de 2%, na proporção de 1:1,
respeitando a quantidade máxima calculada pelo peso do paciente, ge

ralmente
28 ml de solução em paciente de 70 kg. Esse anestésico é inje
tado
no tecido subcutâneo de cada septo fibroso com uma microcânula
de ponta romba, para maior conforto e segurança, pois evita traumas

vasculares antes da injeção do produto bioestimulador.

Os bioestimuladores são produtos particulados e que entregam

um resultado firme, sendo hidroxiapatita de cálcio, ácido polilático,

policaprolactona ou PMMA. Produtos em gel, como ácido hialurônico;

hidrogéis, como Aqualift, ou biopolímeros, como silicone líquido, não são

usados. Pacientes com esses produtos no corpo também não devem ser

incluídos no uso desta técnica.

O produto escolhido deve ser distribuído homogeneamente de for

ma tridimensional, em diferentes profundidades do tecido subcutâneo,

com o
auxílio de uma microcânula (10 cm e 18 G), sempre em movimen
to, semelhante à lipoaspiração,
para uma melhor estimulação do neocolágeno,
com menor risco de formação dos
nódulos, em toda a região da
pele afetada, e não apenas na depressão fibrosa, visando à bioestimula

ção local do colágeno, com o objetivo de melhoria da qualidade da pele,

neovascularização, aumento do metabolismo local e não volumização ou

preenchimento de celulite.

Para melhor segurança e distribuição do produto, ele deve ser colo

cado antes do descolamento fibroso, para evitar acúmulo na região abai

xo da celulite, que será descolada, com consequente formação nodular.

Essa sequência
também serve para evitar uma possível embolia (comum
na lipoescultura e muito temida nos preenchimentos), pois até lá não ha

verá nenhum trauma vascular.

Após a anestesia no septo fibroso e a bioestimulação com produto

particulado na região, a parte mais artística depende da mão do médico

e deve ser realizada com o paciente em posição ortostática (em pé), com

boa iluminação e com a agulha Golden ou uma agulha simples descartá

vel
(18 G). Em nível subcutâneo, é realizado um descolamento mínimo,
que é suficiente
para nivelar a área tratada ponto a ponto, o mais seleti
vo possível
, sempre acompanhado de um ou dois auxiliares, para manter
a compressão local.

As irregularidades são afrouxadas em um subcutâneo mais profun

do e, às vezes, com técnica de sanduíche, em diferentes profundidades,

para
evitar também o descolamento excessivo em um único plano. Caso
isso ocorra, pode-se
favorecer a formação de espaço para acúmulo de lí
quido (seroma) ou até mesmo acúmulo de sangue (hematoma).

Um protocolo de pós-tratamento para minimizar os principais efei
tos adversos, como hematoma e seroma, assim como a rápida recupe

ração, fez-se necessário no método Goldincision
®. Este utiliza um cura
tivo especial que deve ser mantido
por pelo menos 24 horas, mais uma
bermuda
compressiva, que é fornecida no dia do procedimento, para ser
utilizada por
, no mínimo, sete dias, além de um kit cosmético para me
lhor recuperação e tratamento da equimose.

É importante listar alguns erros que comumente acontecem quando

os colegas médicos começam a realizar a técnica:

Descolamento muito superficial – relacionado a manchas crônicas
(mais de três meses) e também à chance do estufamento da pele.

Descolamento de grande área no mesmo plano – relacionado ao
seroma/hematoma.

Descolamento de alguns perfurantes e compressão inadequada.
O descolamento excessivo de uma mesma lesão. Melhor descolar
para menos e complementar depois. No contrato, referimos dois

complementos dentro de seis meses.

Utilizando produtos homologados, bermuda, calcinha e, princi
palmente,
kit pós-tratamento; com isso, diminuímos muito algu
mas queixas.

Procedimento realizado em pé com boa iluminação e acompanhado de ao me

Procedimento

kit

DISCUSSÃO

A celulite, como é comumente conhecida, em seus estágios mais avança
dos, tem o aspecto clínico de uma casca de laranja. Nas regiões afetadas,

a camada de gordura enrijece, afetando o tecido adiposo. A celulite tem
presença de
banda fibrosa em 97,6% dos casos, sendo associada
à
circulação e
à insuficiência metabólica. Nos tecidos adiposos sem celu
lite, existem espaços
nos quais a gordura se move livremente sob a pele
(
EMANUELE, 2011; LAUREN, 2021).
Essa alteração clínica na pele e o risco de
desenvolvê-la também no
abdômen, nas nádegas e no dorso das coxas não podem estar relaciona

dos apenas à obesidade, pois não há limitações de regiões para o
seu de
senvolvimento em indivíduos obesos.

Novas técnicas aprimoradas estão surgindo
nessa área, inclusive
várias para melhorar os resultados. Em 1995, a técnica de subcisão foi

descrita para o tratamento da celulite de graus 3 e 4, na classificação da

escala de Nürenberger e Müller (1978).

Nessa técnica, após a fotodocumentação, marco e delimito as áreas

com celulite de graus 3 e 4; depois, com o paciente em decúbito, inje

to a anestesia local com microcânula atraumática e, na sequência, faço

a lipoestimulação com substância particulada. O descolamento do sep

to fibroso deve ser realizado com o paciente em pé, para uma melhor

identificação
deles, sempre buscando o descolamento o mais profundo
possível.

CONCLUSÃO

Goldincision® é o nome registrado para um tratamento multifato
rial da celulite, atuando em diversas causas, visando a um resultado

mais eficaz
e em todos os níveis desse quadro. Além da remodelação
do colágeno, melhorando não só a aparência irregular
e atuando na
flacidez, há
também o desprendimento de septos fibrosos, descom
primindo os compartimentos de gordura, aliviando a pressão local e

melhorando a microcirculação, a retenção hídrica e a drenagem lin

fática.
Portanto, há melhora do lipedema, do linfedema e do edema
venoso.

Essa
técnica envolve também um protocolo de avaliação, tratamen
to e acompanhamento, além da homologação de produtos com qualidade
comprovada,
com treinamento de profissionais qualificados e frequen

tes reuniões de atualização entre profissionais
capacitados.
Foi possível notar a melhora significativa após a realização do
Gold
incision
® no tratamento da celulite, com grau surpreendente de satisfa
ção dos pacientes e da equipe médica, além de ser seguro e sem efeitos

adversos significativos.

Além disso,
constatou-se, também, que a adiponectina (vasodilata
dor local)
está menor em pacientes com celulite, reforçando a hipótese
de
que a melhora dessa circulação gera a melhora da aparência, o que é
possível com a infiltração de bioestimuladores.

Ao desprender a fibrose, conseguimos descompactar a gordura, re

duzindo a pressão local, melhorando o fluxo sanguíneo, a troca de nu

trientes, a oxigenação tecidual e a drenagem linfática, além da neovas

cularização,
a qual o bioestimulador é conhecido por promover. Todos
esses fatores ajudam
-nos a ter um resultado de sucesso e uma demanda
crescente por esse tratamento em nossas clínicas.

Três imagens mesmo gluteo

Três imagens referentes a um mesmo glúteo. Atualmente um dos maiores objetivos desta paciente é competir, uma das metas que mais fazem sentido na vida dela. Isso só foi possível devido ao resultado alcançado com a Goldincision®. Fonte: acervo do autor

 

As irregularidades nas regiões das coxas merecem atenção. Em toda
irregularidade pontual, quando o paciente consegue apontar as celulites,

alcançam-se resultados fantásticos, principalmente em pacientes jovens

sem lipedema e sem flacidez.
Em pacientes com flacidez, principalmen
te em coxas, o resultado pode não ser tão mágico, pois, em algum local,

a tendência de a pele
dobrar vai sempre existir e a eventual banani
nha
pode ficar com o tratamento prejudicado. Há uma melhora, mais do que com
qualquer tratamento, mas o resultado não é perfeito, podendo
apresentar
irregularidades pontuais, principalmente em glúteos e em
pacientes jovens. Os resultados em qualidade geral da pele estão mais

relacionados à presença das partículas do que ao descolamento, além de

tratamentos com modulações hormonais e a avaliação de outras comor

bidades, como lipedema, linfedema e edema venoso.

O apelo estético
vem aumentando muito nos últimos anos, princi
palmente com a globalização,
uma vez que, nas redes sociais, são fre
quentemente
postadas imagens bonitas e com diversos filtros, os quais
não
são condizentes com a realidade. Isso leva as pessoas a uma pers
pectiva estética
aumentada, em que todos parecem perfeitos e felizes,
criando, assim,
um padrão muito elevado na população mundial. Uma
ansiedade generalizada parece tomar conta da população
Independentemente disso,
a celulite é um problema que afeta até

90% da população feminina, causando transtornos emocionais e sociais.

Seu tratamento tem sido desafiador ao longo dos séculos, tendo em vista

que muitos profissionais preferem não tratar ou oferecem tratamentos

que deixam a desejar.

Diversas técnicas e tecnologias foram desenvolvidas para o trata
mento da celulite.
No entanto, diariamente recebo pacientes que já ten
taram de tudo, sem resultado aparente.

Múltiplos
aparelhos sofisticados, com tecnologia a laser, prometem
resultado
s incríveis. Eles até podem melhorar um pouco a qualidade ge
ral da pele, mas não temos um
laser que identifique quais fibras ele pre
cisa seccionar seletivamente. Para mim, é muito clara a necessidade da

intervenção humana, não apenas na identificação do septo fibroso, que

necessita
de descolamento, mas também na ação seletiva nele, sendo ela
a
mais profunda possível, usando o mínimo necessário para visualizar
o nivelamento. Não podemos descolar para mais, nem
fazer pontos sem
necessidade.

Aparelhos como
o Cellfina®, desenvolvido nos Estados Unidos em
2015, comercializado pela Merz, por algum tempo
, pareciam ser a so
lução dos problemas para muitos profissionais. No entanto, como eu já

realizava muito o descolamento manual da celulite, imaginava que o uso

do aparelho seria restrito, com muitas complicações e com resultados

não significativos quando comparados aos que eu conseguia manual

mente. Por quê?

A ideia deste aplicador era liberar as aderências entre os tecidos

profundos e
a pele. O aparelho é acoplado à pele por meio de um sistema
de vácuo que puxa a região com celulite para dentro do sistema.

cellfina–descolamento-celulite

Cellfina® – Tratamento para redução de celulite. Fonte: Cellfina® (2023).

 

Após colocá-la ali, são feitos automaticamente pequenos cortes
com 6 mm de profundidade, que liberam as aderências, removendo a

celulite.

Tudo isso com um custo muito alto de equipamento, pois cada um

desses aplicadores é de uso único, ou seja, cada procedimento comple

mentar precisa ser cobrado como um procedimento adicional.

Independentemente do preço, conforme já mencionado, não existe

um padrão de celulite. Cada celulite é única e cabe ao profissional a ex

periência de conseguir visualizar e identificar cada septo, cada um com

a sua profundidade e cada um com o seu vetor.
Para tanto, primeiramen
te, identificamos a celulite, depois encontramos o septo e o descolamos,

o mais profund
amente possível. É muito provável que se consiga desco
lá-lo
em um plano mais profundo, entretanto é preciso descolar apenas
o necessário, não toda a pele local, como acontecia com o uso desse apli

cador.
É preciso ser muito seletivo para que se desloque o septo, e nada
mais do que isso.
Dessa forma, consegue-se um resultado mais eviden
te, sem estufado, com o mínimo de equimose e sem aquela pele solta
.
Além disso, quanto mais profundo
é o processo, menor a equimose com
hemossiderina residual, melhor a recuperação, meno
r o desconforto e
mais rápida é a
recuperação.
Em outras palavras
, a habilidade manual do artista será necessária.
Equipamentos promovem uma qualidade melhor da pele, diminuem a

gordura local e proporcionam melhora na flacidez, mas não conseguem

descolar seletivamente cada um dos septos na profundidade e na quan

tidade ideais
. Ademais, pode-se perceber, no transcorrer do procedi
mento
, que ele deve ser realizado com anestesia local, para que o pacien
te permaneça em ortostatismo.


Foi o desafio de resolver algo sem solução que levou ao
aprimora
mento de técnicas e principalmente ao modo de como conduzir e em que

ordem realizar
o tratamento para as celulites.
Realizar sonhos, fazer a diferença, impactar e
encantar os pacientes
com
o resultado são objetivos que estamos alcançando e proporcionan
do a todos os que se submetem à técnica da Goldincision
®, quando reali
zada por um profissional qualificado, treinado e licenciado.

 

Precisa de ajuda?