EFEITOS ADVERSOS E INTERCORRÊNCIAS NA GOLDINCISION®
Conteúdo extraído do livro “Vitória Contra a Celulite” do Dr Roberto Chacur, Ed. AGE, 2023.
Dra. Manoela Fassina
Dr. Roberto Chacur
Os poucos eventos adversos (EA) e intercorrências decorrem da inexperiência do profissional, utilização de técnica incorreta ou inerente até mesmo ao produto, levando em consideração suas diferentes formulações e concentrações.
Seguem as mais comuns:
•Hematoma
•Seroma
•Hemossiderose cutânea
•Descolamento muito superficial – relacionado a manchas crônicas (mais de 3 meses)
•Não temos nódulos em Goldincision®
•Não temos reação alérgica ao PMMA
•Eventual farmacodermia pelo uso do antibiótico e anti-inflamatórios
•Intoxicação vitamina D em alguns raros casos, mas quando volumetria significativa.
Ver Capítulos
CAPÍTULO 2 – CLASSIFICAÇÃO DA CELULITE
CAPÍTULO 5 – MODELAMENTO DE GLÚTEOS
CAPÍTULO 6 – TRATAMENTOS INJETÁVEIS PARA CELULITE
CAPÍTULO 7 – LASER-LIPO: TECNOLOGIA INVASIVA
CAPÍTULO 8 – OUTROS TRATAMENTOS PARA CELULITE
CAPÍTULO 9 – EFEITOS BIOESTIMULADORES
CAPÍTULO 10 – INFLUÊNCIA DOS HORMÔNIOS
CAPÍTULO 11 – GOLDINCISION®: UMA ABORDAGEM MULTIFATORIAL NO TRATAMENTO DA CELULITE
CAPÍTULO 12 – MANCHAS PÓS-GOLDINCISION ®
CAPÍTULO 13 – EFEITOS ADVERSOS E INTERCORRÊNCIAS NA GOLDINCISION®
Com a colaboração de colegas médicos experientes, o Dr. Roberto Chacur reúne neste livro uma abordagem em torno do tema que vai desde a gênese da celulite, o método próprio de avaliar e classificar, as doenças associadas e a modulação hormonal até os tratamentos existentes, o que realmente funciona e por qual motivo o método GOLDINCISION é considerado o padrão ouro.
ASPIRAÇÃO DE SEROMA
O seroma ocorre principalmente quando descolamos uma área ou uma
aderência maior, ou quando não atuamos tão seletivamente no septo fi–
broso. Ademais, esse quadro apresenta grande influência no modo como
prosseguir no acompanhamento da paciente, com curativo bem com–
pressivo por pelo menos 24 h e bermuda modeladora por sete dias. No
entanto, o seroma acontece com certa frequência e diminui conforme a
curva de aprendizado. Seu manejo deve ser feito o quanto antes e não
se deve aguardar a revisão do procedimento, que deve ser realizada no
mínimo com 40 dias de intervalo, objetivando o não encapsulamento do
seroma e o menor índice de recidiva. Quanto antes aspirar o conteúdo,
mais minimizada será a recidiva. Seja ele seroma ou hematoma, cada vez
mais precocemente aplico algum corticoide de depósito na região, com a
mesma agulha, no mesmo plano da cápsula do seroma.
Conforme pontuado anteriormente, mantemos nas clínicas um apa–
relho de ultrassom que pode ser muito útil em alguns casos. Na Figura
13.2, observa-se o controle por ultrassonografia da drenagem de 33 ml
de hematoma.
No hematoma, realizamos o mesmo processo, mas sem necessidade
de infiltração de corticoides, pois se resolve aspirando e com compres–
são local. No entanto, em alguns pacientes, o hematoma pode virar um seroma,
com aspiração não mais de conteúdo sanguinolento, mas sero–
so. Nesse caso, procede-se como no manejo do seroma.
Tanto em um quanto em outro, deve-se aguardar a resolução total,
em no mínimo 45 dias, sem presença de líquido, para realizar um proce–
dimento complementar na mesma região.
Já tivemos pacientes, principalmente pós-retirada de prótese de si–
licone, que evoluíram com aspiração semanal de seroma por muitos me–
ses, assim como já manejamos pacientes com implantação de dreno Por–
tovac e dreno Penrose, e os resultados não foram satisfatórios. Portanto,
recomendamos aspiração semanal com infiltração de corticoide injetá–
vel, sempre respeitando uma dose adequada para não termos efeitos sis–
têmicos pelo seu uso em demasia.
A pressão local é a opção mais eficaz de prevenção. Uma bandagem
compressiva é usada nas primeiras 24 horas em cada uma das áreas
onde foi realizado o descolamento fibroso. Uma malha elástica de com–
pressão deve estar prontamente disponível na clínica para uso imediato
e deve ser usada por no mínimo sete dias. Quando o curativo é retirado
em casa, 24 horas após o procedimento, deve-se usar uma pomada para
tratar a equimose e continuar usando a vestimenta por uma semana.
Durante o procedimento, alguns vasos sanguíneos próximos aos
septos podem ser seccionados, resultando na formação de equimoses
transitórias, com risco de hematoma e seroma, os quais são evitados
com compressão local durante as primeiras 24 horas.
O paciente deve usar a bermuda compressiva fornecida no dia do
procedimento, suspender atividades físicas e fazer massagens locais por
sete dias, utilizando os produtos cosméticos também fornecidos pelos
profissionais que realizam o método.
NÓDULOS
Uma outra intercorrência inerente à técnica deficiente é a formação de
nódulos e pápulas, que têm como causa o acúmulo de produto por erro
de técnica, que inclui o depósito em bolus e a superficialização dele.
A aplicação com a microcânula deve ser realizada e mantida em mo–
vimentação durante a retoinjeção, pois reduz a chance da formação des–
ses nódulos com qualquer um dos produtos, tanto com hidroxiapatita de
cálcio com PMMA e com ácido polilático.
Entretanto, pode ser uma queixa no paciente cujo objetivo for ga–
nho volumétrico, pois o produto é infiltrado em maior quantidade, com
o dobro de concentração e eventualmente como produto líquido, prin–
cipalmente na primeira semana. Com esforço do paciente, ele pode ser
parcialmente expulso do intramuscular, concentrando-se em pequena
quantidade no orifício de entrada da microcânula.
O tratamento dos nódulos deve seguir os seguintes passos. É im–
portante deixar claro para o paciente que talvez seja necessária mais de
uma sessão para a resolução completa.
1. Localizar e delimitar o nódulo a ser tratado.
2. Assepsia da região.
3. “Preencher” o nódulo com anestésico injetável até ele ficar bem
mais palpável, e até mesmo visível, com auxílio de uma agulha
30 G x 13 mm.
4. Com o auxílio de uma agulha 40 G x 16 mm, acoplada a uma seringa
de 10 ml, realizar uma pressão negativa enquanto fragmenta em
vários pedaços o nódulo. Irá perceber que na seringa aparecerão
os fragmentos, conforme for realizado o movimento de vai e vem.
5. Após o término dessa etapa, aplicar uma pequena dose – 0,2 ml
de triocinolona profundamente.
6. Orientar o paciente a retornar após 30 dias para nova avaliação.
PRODUTOS EM GÉIS
Quando se trata de paciente com procedimentos prévios em bumbum,
sugerimos a realização de uma ressonância magnética laudada por um
profissional qualificado, objetivando a verificação da existência de géis
ou de outros produtos.
Vale lembrar que pacientes que usaram previamente géis como sili–
cone líquido, hidrogéis (Aqualift) e até ácido hialurônico não devem sub–
meter-se à técnica Goldincision®, pois sempre teremos uma equimose,
que, misturada nos géis, pode promover alterações de longa duração.
Ademais, alguns géis podem infeccionar e inflamar com muita facilidade.
A paciente da Figura 13.4 tinha passado por um exame ultrassono–
gráfico realizado por uma médica radiologista experiente em implan–
tes líquidos, a qual me certificou que seria PMMA. Fora do Brasil utili–
zam muitos produtos clandestinos, mas dificilmente PMMA. Ao início da
Goldincision®, veja como escorria silicone líquido. Resumo: passei a con–
fiar mais em minha experiência e em meus instintos.
O Aqualift (Figura 13.7) aplicado há oito anos (durabilidade prevista
em bula e pela ANVISA de 5 anos). Verificamos que esse tipo de produ–
to teve comportamento mais fluido, deslocando-se com frequência para
planos mais superficiais, com alteração de relevo. Muitas dessas pacien–
tes tiveram complicações (infeccionaram) quando resolveram retirar o
produto e quando se submeteram a algum procedimento (mexeram no
que estava quieto). Por isso, recomendo não mexer em pacientes com
produtos géis em glúteo.
CASO EXTRA
Isquemia tecidual
Muito comum nos treinamentos os médicos tenderem a descolar muito
superficialmente no local das celulites. Enfazatizamos que o descola–
mento deve ser realizado o mais profundo e mais seletivo possível.
Devemos identificar e descolar apenas o septo causador da depressão e
não a área como um todo.
Em muitos casos, a identificação da área como isquemia não é iden–
tificada precocemente pelo profissional, que inadvertidamente reco–
menda o uso de compressas frias ou gelo, pela presença da equimose.
Essa conduta atua de forma negativa na evolução da doença, que deve
ser manejada com calor local, câmara hiperbárica, antibiótico enquanto
progressão para evitar uma infecção secundária, corticoide para dimi–
nuir edema, antiagregante plaquetário, cremes cicatrizantes e vasodila–
tadores, sendo discutível vasodilatador sistêmico.
Abaixo um exemplo de complicação isquêmica tecidual pós-tentati–
va de subcision convencional realizada por colega médico, que não reali–
zou o treinamento da Goldincision®, o qual autorizou a publicação.