TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL

Conteúdo extraído do livro “Ciência e Arte do Preenchimento”, Ed. AGE, 2018.

A prevalência de Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) entre indivíduos que se submetem a cirurgia plástica é de 6 a 24%, mas pode chegar até 53%. Além
disso, estudos sugerem que pessoas acometidas pelo transtorno não tiram proveito de uma cirurgia plástica. Assim, o TDC precisa ser adequadamente identificado pelo médico durante a seleção de pacientes que vão passar por cuidados estéticos.
Muitos pacientes com TDC buscam inicialmente cirurgiões plásticos, em lugar de se tratarem com psiquiatra ou psicólogo, porque não consideram que o sofrimento decorrente do defeito que percebem em si seja um transtorno mental. No meio familiar ou entre amigos, eles são tidos como vaidosos, sendo essa extrema preocupação com a aparência atribuída a uma sociedade cada vez mais pautada por padrões de beleza absolutos.
No consultório médico, eles logo são identificados pelo profissional de saúde como portadores de alguma alteração psicológica, pois tomam muito tempo
tentando apontar um defeito estético que não existe ou é muito pequeno. O médico deve contraindicar a cirurgia estética, e também pode encaminhá-los para
tratamento psicológico. No entanto, sempre haverá algum profissional que aceite operá-los. As chances de esses pacientes com TDC ficarem insatisfeitos com o
resultado cirúrgico é grande, abrindo caminho para novos procedimentos e um círculo vicioso que não tem fim.
Padrões estéticos de beleza muito rígidos moldam pensamentos que, por sua vez, desencadeiam um aumento da demanda por procedimentos na busca de
melhorar a aparência. Por outro lado, distanciam irremediavelmente o que é ideal e o que é realidade. Assim, a procura por procedimentos estéticos acaba sendo uma maneira de se adaptar a essa cultura que valoriza a aparência física.

Está demonstrado que quem se submete a procedimentos estéticos ambulatoriais ou cirúrgicos, desfruta de uma melhor qualidade de vida e uma autoestima positiva no pós-operatório. Entretanto, a percepção de um defeito físico pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos mentais em indivíduos que apresentam vulnerabilidade neurobiológica e fragilidade psíquica. O problema se coloca quando se somam uma insatisfação corporal e um distúrbio da imagem corporal. Assim, a preocupação excessiva com a aparência pode esconder traços psicopatológicos que nem sempre são fáceis de reconhecer, podendo envolver, se negligenciada, consequências iatrogênicas e médico-legais.

O TDC é uma das condições psiquiátricas mais comuns entre pacientes que procuram tratamento estético. Trata-se de um transtorno neuropsiquiátrico que envolve fatores biológicos, como vulnerabilidade genética e disfunção neuroquímica, bem como aspectos da história individual. Estudos de neuroimagem têm permitido observar uma ativação do cérebro durante o processamento de estímulos visuais e emocionais e percepção da imagem corporal.
Há também relatos de lesões em regiões específicas do cérebro que causam disfunções em redes cerebrais e circuitos de funcionamento relacionadas com a fisiopatologia da TDC, gerando sintomas característicos e déficits neurocognitivos.
Estudos de prevalência indicam que cerca de 1 a 6% da população foi incluída nos critérios de diagnóstico do transtorno. Identificou-se também que até 16% dos pacientes em atendimento psiquiátrico preenchem critérios para TDC.
Mesmo assim, os sintomas ainda não foram totalmente reconhecidos pela prática médica. Com o aumento do número de pessoas que passam por procedimentos estéticos, a identificação do TDC deve doravante começar a ser feita por profissional da área.
Rastrear a etiologia do TDC permite compreender e diagnosticar a doença, bem como diferenciá-la de outros transtornos mentais, como os da ansiedade e do humor.

Indivíduos com TDC frequentemente procuram procedimentos estéticos para corrigir defeitos percebidos e diminuir a extrema insatisfação diante da sua aparência física. Eles perdem de vista o todo e focam apenas o detalhe. Essa dinâmica neurofuncional parece afetar o pensamento e a percepção de uma forma geral.
Em geral, homens e mulheres não têm a mesma preocupação em relação a determinadas áreas do corpo. Os sintomas do TDC e a própria decepção costumam se expressar mais no gênero feminino, sugerindo maior influência de fatores socioculturais entre elas.
A falta de consciência do estado mórbido pode levar a um estado delirante, o que explica o desagrado de muitos pacientes diante dos resultados obtidos com
procedimentos estéticos e novas demandas.
Esses pacientes se revelam insaciáveis, psicologicamente alterados ou viciados em intervenções cirúrgicas múltiplas, daí a importância da entrevista no
 consultório médico, que vai revelar se os defeitos percebidos existem de fato ou são apenas pequenas falhas sobrevalorizadas.

Na triagem para a cirurgia estética, o médico deve encorajar seu paciente a falar a respeito do defeito que percebe em si. Pacientes que podem articular ideias de forma realista e conseguem descrever suas expectativas e motivações, são menos susceptíveis de terem TDC. Por isso, é preciso avaliar a capacidade de julgamento do paciente e inferir o quanto seria capaz de se sentir satisfeito com os resultados de um procedimento estético.

A principal característica do TDC são respostas emocionais negativas em relação à própria aparência física: vergonha, aversão, nojo, ódio e ansiedade se misturam em indivíduos perturbados pela inabilidade de alcançar seu próprio padrão estético. Em outras palavras, portadores de TDC estão mais preocupados com o que não são e poderiam ser em termos de aparência.

Ver Capítulos

Introdução

Em busca da fonte da juventude

Primeira Parte: CONCEITOS DE BELEZA

Anatomia ósse da face
Anatomia da pele
Beleza e Atratividade
– Por que achamos alguém bonito?
– Sequência de Fibonacci
– Estética áurea
– Para pensar
Etiologia do envelhecimento
– Como nos tornamos senis?
– Telômeros e senescência
– Isto é surpreendente!
– Vida útil em discussão
– O equilíbrio da imunidade
O envelhecimento cutâneo
– Fisiopatologia
– Achados clínicos
– Medidas preventivas
– A importância do bom-senso médico no tratamento estético
Transtorno dismórfico corporal
– Etiologia
– TDC e procedimentos estéticos
O potencial de transformação dos fillers
– Condições ideais para um bom produto de preenchimento
– O que é o preenchimento
– Lifting X Ressurfacing
– Técnicas de volumetria
O que a ciência promete para o futuro?

Segunda parte: PREENCHEDORES MAIS USADOS

Não permanentes
Permanentes ou não absorvíveis
Características gerais
Polimetilmetacrilato
Ácido hialurônico
MD Codes
Ácido polilático
– Utilização dos fios de ácido polilático
Hidroxiapatita de cálcio
Hidrogel
Silicone líquido injetável
Outros tratamentos associados a preenchimento
– Toxina botulínica
– Laser CO2 fracionado
Adendo: Análise microscópica do polimetilmetacrilato

Terceira parte: O PASSO A PASSO DA TRANSFORMAÇÃO

Uma plástica minimamente invasiva
O instrumental que se usa
O procedimento e a “mão” do médico
Tipos de anestesia
Perigos do procedimento com preenchedores em geral
Topografia facial e riscos do preenchimento
Complicações e como gerenciá-las

Quarta parte: PROCEDIMENTOS FACIAIS E CORPORAIS

Preenchimento facial
Preenchimento das maçãs do rosto
Preenchimento de rugas, sulcos faciais e cicatrizes
Rinomodelação com preenchimento
Preenchimento da mandíbula
Preenchimento labial
Preenchimento do mento
Preenchimento de pálpebras
Preenchimento peitoral
Preenchimento de glúteos
Preenchimento em lipodistrofia
Bioplastia genital
– Bioplastia e técnicas para aumento do pênis
– Bioplastia de saco escrotal
– Bioplastia de glande
– Bioplastia de vulva
– Bioplastia de clitóris
– Bioplastia de reconstrução após mudança de sexo
Poliomielite
Síndrome de Parry Romberg
Tratamento de celulite e irregularidades cutâneas
Goldincision – Tratamento com subcisão e preenchimento com PMMA

Quinta parte: ASPECTOS JURÍDICOS

A Anvisa e os produtos aprovados por ela
Direito e Medicina
A lei e o uso de implantes líquidos
O Código de Ética Médica

 

 

 

Ciência e Arte do Preenchimento é o primeiro livro do Dr. Roberto Chacur. Na publicação, o Dr. Chacur reúne sua experiência para mostrar a ciência por trás do preenchimento e o requinte da arte na hora de trabalhar harmonização facial e corporal.

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