O POTENCIAL DE TRANSFORMAÇÃO DOS FILLERS

Conteúdo extraído do livro “Ciência e Arte do Preenchimento”, Ed. AGE, 2018.

O preenchimento é uma plástica simples no seu conceito, mas precisa e delicada no que se refere à sua capacidade de trabalhar e realçar traços.
Em sintonia com uma crescente preferência por tratamentos não invasivos, é realizado em consultório, com o uso de injeções convencionais e materiais totalmente compatíveis com o corpo humano e aplicados somente nas áreas desejadas.
Como não requer internação em hospital ou bloco cirúrgico, o procedimento será seguro, desde que realizado exclusivamente por profissional capacitado e treinado na área. A técnica é usada para dar rejuvenescimento à face e ao corpo, devolvendo os volumes que se perdem com os anos. Além da reposição volumétrica, o preenchimento estimula a produção de colágeno.
O fato de o procedimento ser minimamente invasivo, sem cortes nem sangramentos, faz com que ele também tenha curto downtime, ou tempo de recuperação. Além disso, as recomendações para quem faz o tratamento são apenas alguns cuidados básicos com a região tratada, sem necessidade de o paciente interromper suas atividades corriqueiras.
Os materiais utilizados para o preenchimento são disponibilizados em dois formatos: os absorvíveis e os definitivos. A finalidade é praticamente a mesma.
No entanto, sempre que um paciente tiver dúvidas quanto aos resultados do tratamento, é preferível utilizar os absorvíveis em um primeiro momento e, só depois da completa absorção, fazer uma aplicação com material definitivo.

As primeiras substâncias efetivas e relativamente biocompatíveis foram sintetizadas no início do século XX. Segundo Lemperle (2003), a substância aloplástica ideal para implantação deveria ser biocompatível, segura e estável no local de implantação. Deveria manter seu volume quando implantada no hospedeiro, não causar protusão através da pele ou mucosa, induzir mínima reação de corpo estranho, não ser removida por fagocitose, não possuir potencial migratório para
locais distantes e, principalmente, não causar granuloma por corpo estranho. Rubin (1997) complementou a descrição, afirmando que o material deveria ser inerte aos fluidos corporais, facilmente manipulável em mesa cirúrgica e, acima de tudo, permanentemente aceito.
Os compostos de colágeno, as melhores substâncias existentes até há pouco tempo atrás para o preenchimento de tecidos moles, não ofereciam resultados animadores, pois perdiam em pouco tempo seu efeito reparador, sendo reabsorvidos por fagocitose pelos macrófagos em cerca de quatro a seis semanas. Foi também tentado o uso de silicone (bioplastique), mas surgiram efeitos colaterais, como a formação de extensos granulomas (devido à superfície áspera das micropartículas), tornando inaceitável seu uso para preenchimento de tecidos moles.

Há décadas vêm sendo desenvolvidos diversos estudos para aperfeiçoar técnicas capazes de garantir uma aparência jovial e harmônica. Hoje, sabe-se que a associação de procedimentos tem sido a melhor maneira de proporcionar o rejuvenescimento natural dos pacientes. Os médicos vem usando o implante de substâncias biocompatíveis com o corpo humano para aumentar o volume de determinadas áreas do rosto e do corpo. Os preenchimentos são minimamente invasivos e essas substâncias não são tóxicas e não causam alergia nem rejeição. São implantadas profundamente através de um pequeno pertuito na pele, sem cortes nem pontos, graças à utilização de microcânulas – espécie de agulha com uma ponta romba que não provoca lesões vasculares nem nervosas.
Tudo é realizado sob anestesia local, no próprio ambiente do consultório médico, e o paciente tem a possibilidade de acompanhar o passo a passo através
de um espelho. O resultado é visto imediatamente, sem a necessidade de inúmeras sessões.
A técnica é indicada para homens e mulheres. A escultura com preenchedores pode criar linhas e ângulos de beleza, além de realçá-la, e recuperar o desenho do rosto envelhecido ou complementar o resultado de uma cirurgia plástica anterior.
Seu custo financeiro tende a ser menor quando comparado à cirurgia convencional, uma vez que esse procedimento não envolve gastos com hospital, anestesista e auxiliares. Não necessita de repouso, permitindo ao paciente retorno rápido às suas atividades habituais, até mesmo no próprio dia. Pode, também, ser realizada no verão.

Historicamente, o tratamento para corrigir o envelhecimento da face baseava-se apenas na tração dos tecidos. Atualmente, a restauração do volume e dos contornos faciais se transformou na primeira linha de tratamento antes das correções cirúrgicas. Assim, os preenchimentos podem ser aplicados em distintas áreas castigadas pela ação do tempo – glúteos, nariz, linha da mandíbula, sulcos e rugas, região frontal, temporal, malar, lábios, glabela e queixo.
De modo geral, o processo de envelhecimento atinge todas elas, provocando perda da gordura subcutânea e do colágeno dérmico e, consequentemente, depressões e sulcos na face. Com a idade, qualquer linha de expressão se torna acentuada, em função da ação muscular e da perda volumétrica da face.
O conhecimento das causas do envelhecimento facial permitiu o surgimento de técnicas como o resurfacing, para tratar o dano solar, e a restauração de volume com uma variedade de preenchimentos temporários, visando a tratar perdas de tecido subcutâneo e rugas de expressão. Preenchimentos mais novos, duradouros e permanentes, que não corrijam somente rugas finas, mas também restaurem o volume da face, representam avanços importantes no rejuvenescimento não invasivo da pele e do subcutâneo.
O preenchimento perfeito deve ser autólogo, duradouro ou permanente, sem efeitos imunológicos ou tóxicos, e funcionar para diminuir, reverter ou prevenir o processo de envelhecimento. Preenchimentos não autólogos têm a vantagem de ser de fácil obtenção, não apresentar morbidade relacionada ao sítio doador e, com experiência, ter algum grau de previsibilidade quanto ao resultado e aos efeitos adversos ao longo do tempo.
A gordura autóloga é a substância de preenchimento ideal, uma vez que o envelhecimento da face é acompanhado de perda de volume da gordura subcutânea. As técnicas de lipoenxertia, entretanto, mostram resultados imprevisíveis quanto à integridade da gordura no local receptor ao longo do tempo.

A melhor forma de rejuvenescer um rosto é promover exatamente o contrário do envelhecimento.
Antigamente, atribuía-se o aspecto de flacidez à perda de elastina e colágeno, ao passo que hoje sabemos que a perda de volume tecidual e ósseo pode ser responsável por mais de 50% da ptose facial e, ao repô-lo, se obtém uma melhora equivalente.

Preenchimento facial total (panfacial) associado a toxina botulínica. Foram aplicados 34 ml de PMMA facial, distribuídos em face total. Superficialmente, de modo bem distribuído, foi aplicado com microcânula, visando a neocolágeno e melhora na espessura da pele, PMMA 10%. Esse tipo de tratamento obedece à mesma indicação do ácido polilático, entretanto 1 ampola de ácido polilático equivale a 1,5 ml de PMMA, e para um resultado significativo precisamos repor todo o volume perdido pelo passar dos anos, e não vai ser 1 a 2 ml que irão resolver. Por essas e outras, o uso de preenchedores de mais longa duração se faz necessário. Quando o objetivo é projeção, o PMMA deve ser aplicado em planos profundos, submuscular, e com isso consigo não apenas melhorar a volumetria para reposição volumétrica e harmonia facial, mas também melhoro a flacidez, não apenas cutânea, mas também muscular.

 

No lifting propriamente dito, recorta-se e retira-se o excesso de pele, sendo ainda necessário tratar a pele envelhecida, fina, sem brilho, sem colágeno e, ainda, repleta de manchas. Dessa forma, a arte de rejuvenescer um rosto na sua melhor expressão, garantindo-lhe um aspecto jovial e harmônico, é fazer uma reposição volumétrica associada a técnicas que estimulem o colágeno e tratem a coloração e o brilho da pele.
Para o tratamento de rejuvenescimento, existem hoje técnicas de aplicação que elevam a ponta do nariz, repõem o volume do malar (maçã do rosto), restabelecem o contorno facial (mandíbula), melhoram a definição labial e preenchem rugas e sulcos. Além disso, dependendo do produto escolhido, é possível estimular a produção de colágeno.
Técnicas como a utilização de células autólogas (do próprio paciente) são empregadas com esse propósito. Recentemente aplicado no Brasil, o processo se baseia na utilização de fibroblastos ou células-tronco do próprio paciente, obtidos a partir de um fragmento de pele ou um miniaspirado que é processado laboratorialmente, purificado e multiplicado, sendo, posteriormente, enviado em pequenas seringas para uso cutâneo.
Outra vertente muito estudada e desenvolvida, com resultados cada vez mais animadores e menos traumáticos, são os tratamentos a laser. Os lasers fracionados, em especial o laser de CO2, têm sido considerados o padrão ouro no rejuvenescimento cutâneo, com um downtime (recuperação da pele) de apenas cinco a sete dias, ao passo que o do laser de CO2 tradicional é de 30 dias.

Associando tratamentos, o envelhecimento pode ser revertido na sua essência, de forma natural, gradual, minimamente invasiva, com anestesia local e participação ativa do paciente, evitando surpresas, resultados desagradáveis e riscos.
Essa associação pode dar-se entre terapia autóloga e células-tronco e o uso de lasers para rejuvenescimento cutâneo, bem como estimuladores de colágeno e tratamento de manchas, associados aos preenchimentos faciais, para manutenção da volumetria facial, elevação da ponta nasal, e definição facial e labial. Dependendo do material de preenchimento, pode, ainda, estimular a neocolagênese, como no caso do PMMA.

Ver Capítulos

Introdução

Em busca da fonte da juventude

Primeira Parte: CONCEITOS DE BELEZA

Anatomia ósse da face
Anatomia da pele
Beleza e Atratividade
– Por que achamos alguém bonito?
– Sequência de Fibonacci
– Estética áurea
– Para pensar
Etiologia do envelhecimento
– Como nos tornamos senis?
– Telômeros e senescência
– Isto é surpreendente!
– Vida útil em discussão
– O equilíbrio da imunidade
O envelhecimento cutâneo
– Fisiopatologia
– Achados clínicos
– Medidas preventivas
– A importância do bom-senso médico no tratamento estético
Transtorno dismórfico corporal
– Etiologia
– TDC e procedimentos estéticos
O potencial de transformação dos fillers
– Condições ideais para um bom produto de preenchimento
– O que é o preenchimento
– Lifting X Ressurfacing
– Técnicas de volumetria
O que a ciência promete para o futuro?

Segunda parte: PREENCHEDORES MAIS USADOS

Não permanentes
Permanentes ou não absorvíveis
Características gerais
Polimetilmetacrilato
Ácido hialurônico
MD Codes
Ácido polilático
– Utilização dos fios de ácido polilático
Hidroxiapatita de cálcio
Hidrogel
Silicone líquido injetável
Outros tratamentos associados a preenchimento
– Toxina botulínica
– Laser CO2 fracionado
Adendo: Análise microscópica do polimetilmetacrilato

Terceira parte: O PASSO A PASSO DA TRANSFORMAÇÃO

Uma plástica minimamente invasiva
O instrumental que se usa
O procedimento e a “mão” do médico
Tipos de anestesia
Perigos do procedimento com preenchedores em geral
Topografia facial e riscos do preenchimento
Complicações e como gerenciá-las

Quarta parte: PROCEDIMENTOS FACIAIS E CORPORAIS

Preenchimento facial
Preenchimento das maçãs do rosto
Preenchimento de rugas, sulcos faciais e cicatrizes
Rinomodelação com preenchimento
Preenchimento da mandíbula
Preenchimento labial
Preenchimento do mento
Preenchimento de pálpebras
Preenchimento peitoral
Preenchimento de glúteos
Preenchimento em lipodistrofia
Bioplastia genital
– Bioplastia e técnicas para aumento do pênis
– Bioplastia de saco escrotal
– Bioplastia de glande
– Bioplastia de vulva
– Bioplastia de clitóris
– Bioplastia de reconstrução após mudança de sexo
Poliomielite
Síndrome de Parry Romberg
Tratamento de celulite e irregularidades cutâneas
Goldincision – Tratamento com subcisão e preenchimento com PMMA

Quinta parte: ASPECTOS JURÍDICOS

A Anvisa e os produtos aprovados por ela
Direito e Medicina
A lei e o uso de implantes líquidos
O Código de Ética Médica

 

 

 

Ciência e Arte do Preenchimento é o primeiro livro do Dr. Roberto Chacur. Na publicação, o Dr. Chacur reúne sua experiência para mostrar a ciência por trás do preenchimento e o requinte da arte na hora de trabalhar harmonização facial e corporal.

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