MD CODES
MD Codes é uma técnica desenvolvida pelo laboratorio Galderma com ajuda do médico Maurício de Maio, para guiar o médico injetor numa espécie de mapeamento facial. Esses “Códigos Médicos” (tradução do nome da técnica) vinham com a promessa de alcançar um efeito lift, sustentando o rosto por meio da aplicação de ácido hialurônico em lugares específicos, os chamados pontos de sustentação facial, prevenindo e tratando o envelhecimento, e também embelezando e harmonizando faces.
Existem pontos específicos dentro do código, com funções e técnicas de aplicação diferentes. Pontos para rejuvenescer, repor volume e embelezar. O médico que conhecesse esses pontos e os utilizasse em seus pacientes, estaria aprimorando as técnicas de preenchimento e refinando os resultados para seus pacientes.
O principal benefício da utilização da técnica é a possibilidade de um resultado cirúrgico sem cirurgia, quando devidamente indicado. Além de popularizar o preenchimento facial, o MD Codes ajudou a chamar a atenção para a importância da volumerização facial na hora de rejuvenescer a face. Em eventos com resultados significativos pacientes se submetem ao procedimento com grandes volumes, chegando a utilizar até 30 ml em um único rosto em um mesmo dia, sem considerar ainda um procedimento complementar quando necessário. A ideia de se conseguir um resultado mais eficiente com um volume menor de produto (um dos objetivos da técnica) não funciona a não ser que priorizemos regiões em detrimento de outras, pois 1 ml, seja ele utilizado com cânula ou agulha, seja superficial ou profundo, embora possa aparentar formatos diferentes, continuará sendo o mesmo 1 ml. Para o MD Codes ser realmente efetivo, são necessários muitos ml de ácido hialurônico. E trata-se de uma matéria-prima cara, reabsorvida após um ano, um ano e meio aproximadamente, e como o volume diminui gradativamente, para manter este volume infiltrado com resultado significativo, é necessário também repor gradativamente conforme a absorção, ou seja, se utilizarmos 20 ml de produto objetivando manter o resultado alcançado, é necessário realizar 10 ml semestralmente, ou então 5 ml trimestralmente, conforme a absorção gradativa do produto, inviabilizando não apenas a questão financeira para grande parte dos pacientes, mas também pela necessidade de um volume complementar com frequência e pelo resto de suas vidas.
Com a técnica foi nomeado ponto a ponto os locais exatos onde se deveria aplicar o ácido hialurônico, qual plano, qual método de aplicação e qual tipo de produto à base de ácido hialurônico, volumizador ou não. Para o resultado esperado, é preciso que a técnica seja correta, assim como a aplicação e a escolha do produto utilizado.
Com a evolução das técnicas de preenchimento facial, foram surgindo produtos à base de ácido hialurônico com diferentes concentrações de AH, crosslinkagem e efeito lift diferenciados. Produtos voltados para a reposição volumétrica, com alto G prime, ideal para serem implantados em locais profundos, justaósseo, dando um suporte maior à face, e produtos mais fluidos, com maior espalhabilidade no tecido, ideal para correção de sulcos e linhas finas superficiais.
Hoje em dia nós sabemos que envelhecer é também perder volume. Além da flacidez de pele, flacidez muscular, a diminuição dos compartimentos de gordura da face e a reabsorção óssea facial são importantes desencadeadores do “efeito cascata”, responsável pelo aspecto ptótico e envelhecido da face.
O terço médio da face é o primeiro a sofrer os efeitos do tempo e da gravidade. Rohrich and Pessa descreveram que o compartimento profundo de gordura do terço médio é o principal fator determinante do aspecto jovial da face, projetando anteriormente a face média. A perda de gordura nesse compartimento profundo, similarmente ao que acontece no compartimento de gordura temporal, é o principal desencadeante do efeito cascata responsável pelo envelhecimento e uma das regiões onde volumetricamente precisamos uma atenção especial na revolumerização.
Os compartimentos de gordura são independentes, e sua reabsorção ocorre de forma também independente, portanto a reposição volumétrica também precisa ocorrer em diferentes proporções, visando a um resultado harmônico exatamente inverso ao do envelhecimento. O bom-senso estético é essencial.
Os primeiros pontos de sustentação propostos pela técnica de MD Codes são da região malar, o famoso “8 POINT LIFT”, a fim de sustentar essa região e impedir que seu “deslizamento” interfira nos músculos do terço inferior da face, pesando sobre eles, causando a intensificação do sulco nasogeniano (bigode chinês) e perda de contorno facial (o famoso bulldog).
Outra contribuição importante que o MD Codes trouxe para nós médicos foi o desenvolvimento de uma comunicação correta entre médico e paciente, proporcionando um diagnóstico assertivo, permitindo que a causa do incômodo seja tratada e o resultado seja satisfatório para ambos, médico e paciente. Isso porque muitas vezes a origem da insatisfação reportada pelo paciente pode estar localizada numa área diferente daquela que o desagrada. O paciente não conhece a anatomia facial, sequer sabe da propedêutica envolvida com o envelhecimento facial e por isso às vezes acha que precisa de um tratamento numa determinada região, quando na realidade o que vai melhorar a sua queixa é o tratamento de outra área, completamente diferente.
Através de uma linguagem simples, perguntando ao paciente como ele gostaria de se sentir, escolhendo três dessas opções citadas a seguir, em ordem de importância, conseguimos obter a informação necessária para realizar o diagnóstico correto e iniciar o tratamento:
Aparência menos cansada
Aparência menos flácida
Aparência menos triste
Aparência menos brava
Aparência mais atraente
Aparência mais jovem
Aparência mais magra
Aparência mais feminina; ou
Aparência mais masculina.
Antes de citarmos os principais códigos do MD Codes das principais unidades anatômicas, é importante ressaltar: o MD Codes é uma série de pontos específicos (subunidades) localizados dentro de cada unidade facial, que serão usadas para guiar a aplicação. Não existe receita de bolo; cada médico é responsável pela costumização do seu próprio MD Codes, uma vez que cada paciente é único e deve ser avaliado individualmente. Alguns pacientes irão precisar de preenchedor em todos os pontos de olheiras, por exemplo, enquanto outros irão precisar de apenas dois pontos de olheiras do MD Codes. Cabe ao médico estudar todos os pontos, avaliar globalmente a face e propor o melhor tratamento para cada caso.
Cada ponto de aplicação é representado por uma combinação de letras e números. As letras representam a unidade anatômica (Cheek de bochecha = Ck; Tear Trought de Olheiras = Tt, Lips de lábios = Lp, e assim vai…) e os números indicam a sequência em que as aplicações podem ser realizadas. O ponto mais importante da aplicação de uma unidade anatômica em particular é representado pelo n.o1, e este geralmente deve ser o ponto inicial.
Você pode acessar essas áreas com agulha ou cânula. É importante ter habilidade com os dois, pois o uso de ambas os complementa. Ao optar pelo uso da agulha, deve-se ter atenção às ZONAS DE ALERTA, demarcadas pelo autor em coloração vermelha, sempre aspirando antes de injetar, realizando essa aplicação de forma lenta e tendo atenção para queixas de dor do paciente ou alterações na coloração da pele indicativas de isquemia. Para tornar o procedimento menos traumático, o uso da cânula é bem indicado, uma vez que conseguimos iniciar o tratamento pela área demarcada pelo n.o 1 e, por meio dela, acessar os demais pontos demarcados pelo MD Codes.
Além de letras e números, os pontos também são representados por formas geométricas diferentes. Estas são usadas para indicar o modo de aplicação:
– Triângulo indica aplicação em leque.
– Círculo indica em bólus.
ü- Retângulo indica aplicação linear.
Figura esquemática dos inúmeros pontos de aplicação e seus milhares de combinações que podem ser realizadas em um único paciente, reforçando que cada paciente é único e deve ser avaliado como tal. O bom-senso estético é soberano e formas de aplicação são variadas, como pontos, linhas-leque, agulha ou cânulas. Notem que os pontos da hemiface esquerda não são os mesmos da hemiface contralateral, ou seja, temos mais de 50 pontos de aplicação apenas nessa imagem. Assimetrias também são frequentes, e nem sempre infiltramos a mesma quantidade em ambos os lados.
Eventos de MD Codes mostram, sim, resultados importantes, mas com infiltrações em grande volume de ácido hialurônico (20 – 30 ml de produto), tornando-o um procedimento dispendioso, com necessidades muito frequentes de complementação, objetivando a manutenção do resultado. Para manter 30 ml facial precisamos infiltrar mensalmente 2 ml aproximadamente, tornando a visita ao médico muito frequente e aumentando custo e principalmente risco de lesão vascular (risco mais temido aos médicos especiaslistas em preenchimento). Na minha experiência, mesmo trabalhando exclusivamente com preenchimento facial e corporal, utilizando preenchimento diariamente, esses pacientes são extremamente raros, fazendo necessário o uso de substâncias mais duradouras, como o PMMA quando houver necessidade de volumes maiores e em regiões mais profundas, mantendo os ácidos hialurônicos para a região labial ou com pequenas necessidades de correções.
Em regiões de pequenas necessidades, o MD Codes pode, sim, ser bem utilizado, com a vantagem de que se bem anotados os pontos, o volume infiltrado e as técnicas de aplicação, esse resultado pode ser reproduzido pelo mesmo ou por outros médicos. Uso com frequência o MD Codes como porta de entrada de pacientes aos preenchimentos, que gostam do resultado e em um segundo momento passam a optar por produtos mais permanentes.
Outro laboratório lançou um tratamento chamado MAP – “mapeamento individualizado”. Neste o resultado vai depender do bom-senso estético e da capacidade técnica de cada profissional.
Ver Capítulos
Em busca da fonte da juventude
Primeira Parte: CONCEITOS DE BELEZA
Anatomia ósse da face
Anatomia da pele
Beleza e Atratividade
– Por que achamos alguém bonito?
– Sequência de Fibonacci
– Estética áurea
– Para pensar
Etiologia do envelhecimento
– Como nos tornamos senis?
– Telômeros e senescência
– Isto é surpreendente!
– Vida útil em discussão
– O equilíbrio da imunidade
O envelhecimento cutâneo
– Fisiopatologia
– Achados clínicos
– Medidas preventivas
– A importância do bom-senso médico no tratamento estético
Transtorno dismórfico corporal
– Etiologia
– TDC e procedimentos estéticos
O potencial de transformação dos fillers
– Condições ideais para um bom produto de preenchimento
– O que é o preenchimento
– Lifting X Ressurfacing
– Técnicas de volumetria
O que a ciência promete para o futuro?
Segunda parte: PREENCHEDORES MAIS USADOS
Não permanentes
Permanentes ou não absorvíveis
Características gerais
Polimetilmetacrilato
Ácido hialurônico
MD Codes
Ácido polilático
– Utilização dos fios de ácido polilático
Hidroxiapatita de cálcio
Hidrogel
Silicone líquido injetável
Outros tratamentos associados a preenchimento
– Toxina botulínica
– Laser CO2 fracionado
Adendo: Análise microscópica do polimetilmetacrilato
Terceira parte: O PASSO A PASSO DA TRANSFORMAÇÃO
Uma plástica minimamente invasiva
O instrumental que se usa
O procedimento e a “mão” do médico
Tipos de anestesia
Perigos do procedimento com preenchedores em geral
Topografia facial e riscos do preenchimento
Complicações e como gerenciá-las
Quarta parte: PROCEDIMENTOS FACIAIS E CORPORAIS
Preenchimento facial
Preenchimento das maçãs do rosto
Preenchimento de rugas, sulcos faciais e cicatrizes
Rinomodelação com preenchimento
Preenchimento da mandíbula
Preenchimento labial
Preenchimento do mento
Preenchimento de pálpebras
Preenchimento peitoral
Preenchimento de glúteos
Preenchimento em lipodistrofia
Bioplastia genital
– Bioplastia e técnicas para aumento do pênis
– Bioplastia de saco escrotal
– Bioplastia de glande
– Bioplastia de vulva
– Bioplastia de clitóris
– Bioplastia de reconstrução após mudança de sexo
Poliomielite
Síndrome de Parry Romberg
Tratamento de celulite e irregularidades cutâneas
Goldincision – Tratamento com subcisão e preenchimento com PMMA
Quinta parte: ASPECTOS JURÍDICOS
A Anvisa e os produtos aprovados por ela
Direito e Medicina
A lei e o uso de implantes líquidos
O Código de Ética Médica