Beleza e Atratividade
Conteúdo extraído do livro “Ciência e Arte do Preenchimento”, Ed. AGE, 2018.
POR QUE ACHAMOS ALGUÉM BONITO?
A pergunta ainda intriga estudiosos debruçados sobre uma possível equação capaz de universalizar o conceito de beleza a partir de parâmetros claros. A tarefa é ainda mais difícil na medida em que se sabe que os critérios humanos de beleza são determinados por variáveis culturais, geográficas e temporais. Afinal, não sem razão, o filósofo e matemático Platão (428-348), que viveu na Grécia Antiga, muito acertadamente formulou o problema em toda a sua complexidade ao declarar que “a beleza está nos olhos de quem vê”.
Depois do mestre grego, grandes pensadores e cientistas como o inventor renascentista italiano Leonardo da Vinci (13452-1519), o matemático e desenhista alemão Albercht Durrer (1471-1528) e o empresário judeu-polonês Max Factor (1872-1938) se deixaram fascinar pela busca do rosto perfeito.
O cirurgião plástico norte-americano Steven Marquardt deu importante passo em direção à solução do problema ao desenvolver uma máscara baseada em sequências matemáticas que propõem um padrão de beleza universal. Também conhecida como a máscara “Phi”, por acompanhar a “proporção áurea” (phi), ela foi concebida para auxiliar o cirurgião durante procedimentos estéticos de preenchimento de áreas do rosto.
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Introdução
Em busca da fonte da juventude
Primeira Parte: CONCEITOS DE BELEZA
Anatomia ósse da face
Anatomia da pele
Beleza e Atratividade
– Por que achamos alguém bonito?
– Sequência de Fibonacci
– Estética áurea
– Para pensar
Etiologia do envelhecimento
– Como nos tornamos senis?
– Telômeros e senescência
– Isto é surpreendente!
– Vida útil em discussão
– O equilíbrio da imunidade
O envelhecimento cutâneo
– Fisiopatologia
– Achados clínicos
– Medidas preventivas
– A importância do bom-senso médico no tratamento estético
Transtorno dismórfico corporal
– Etiologia
– TDC e procedimentos estéticos
O potencial de transformação dos fillers
– Condições ideais para um bom produto de preenchimento
– O que é o preenchimento
– Lifting X Ressurfacing
– Técnicas de volumetria
O que a ciência promete para o futuro?
Segunda parte: PREENCHEDORES MAIS USADOS
Não permanentes
Permanentes ou não absorvíveis
Características gerais
Polimetilmetacrilato
Ácido hialurônico
MD Codes
Ácido polilático
– Utilização dos fios de ácido polilático
Hidroxiapatita de cálcio
Hidrogel
Silicone líquido injetável
Outros tratamentos associados a preenchimento
– Toxina botulínica
– Laser CO2 fracionado
Adendo: Análise microscópica do polimetilmetacrilato
Terceira parte: O PASSO A PASSO DA TRANSFORMAÇÃO
Uma plástica minimamente invasiva
O instrumental que se usa
O procedimento e a “mão” do médico
Tipos de anestesia
Perigos do procedimento com preenchedores em geral
Topografia facial e riscos do preenchimento
Complicações e como gerenciá-las
Quarta parte: PROCEDIMENTOS FACIAIS E CORPORAIS
Preenchimento facial
Preenchimento das maçãs do rosto
Preenchimento de rugas, sulcos faciais e cicatrizes
Rinomodelação com preenchimento
Preenchimento da mandíbula
Preenchimento labial
Preenchimento do mento
Preenchimento de pálpebras
Preenchimento peitoral
Preenchimento de glúteos
Preenchimento em lipodistrofia
Bioplastia genital
– Bioplastia e técnicas para aumento do pênis
– Bioplastia de saco escrotal
– Bioplastia de glande
– Bioplastia de vulva
– Bioplastia de clitóris
– Bioplastia de reconstrução após mudança de sexo
Poliomielite
Síndrome de Parry Romberg
Tratamento de celulite e irregularidades cutâneas
Goldincision – Tratamento com subcisão e preenchimento com PMMA
Quinta parte: ASPECTOS JURÍDICOS
A Anvisa e os produtos aprovados por ela
Direito e Medicina
A lei e o uso de implantes líquidos
O Código de Ética Médica
O número Phi foi cunhado em homenagem ao escultor e arquiteto Fídias, responsável pela estrutura do Parthenon, templo dedicado à deusa grega Atena e
construído na Acrópole de Atenas, na Grécia Antiga, no século V a.C.
As sequências matemáticas empregadas por Fídias e retomadas por Marquardt respeitam uma proporção cientificamente identificada em tudo que existe na natureza, numa relação de 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34 – a chamada sequência de Fibonacci. Ela deu origem ao que os gregos denominaram o “retângulo de ouro”, conceito matemático segundo o qual o lado maior de qualquer figura é dividido pelo seu lado menor, numa proporção ideal de 1,618, constante, isto é, seja no comprimento, na largura ou na altura.
Mais tarde, os egípcios empregaram esse padrão na construção das pirâmides: cada pedra é 1,618 menor que a de baixo, e assim sucessivamente até o topo da obra. Assim, durante milênios, a arquitetura clássica grega prevaleceu até que o conceito de “retângulo de ouro” foi abandonado em proveito das formas arredondadas, introduzidas pela arquitetura gótica.
Ciência e Arte do Preenchimento é o primeiro livro do Dr. Roberto Chacur. Na publicação, o Dr. Chacur reúne sua experiência para mostrar a ciência por trás do preenchimento e o requinte da arte na hora de trabalhar harmonização facial e corporal.
SEQUÊNCIA DE FIBONACCI
A busca incessante da harmonia estética universal foi novamente perseguida no século XIII pelo primeiro grande matemático europeu da Idade Média, Leonardo
Fibonacci (1175-1250), dito Leonardo de Pisa.
Tal como outros matemáticos de seu tempo, Leonardo de Pisa contribuiu para o renascimento das ciências exatas após a decadência do último período da antiguidade clássica e do início da Idade Média. Estudando os fenômenos da natureza, a ele coube decifrar a sequência 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, usada por Fídias,
formulando-a a partir de um padrão matemático que soma a um número o seu número anterior para definir o próximo.
Exemplos: 3 + 5 = 8
8 + 5 = 13
13 + 8 = 21. E assim por diante.
Transformando esses números em quadrados e dispondo-os de maneira geométrica, Leonardo de Pisa também chegou ao traçado de uma espiral perfeita e constatou que o seu valor – de 1,618 – se repetia em diversos mecanismos envolvendo organismos vivos.
Coincidentemente, essa é a proporção de abelhas fêmeas em relação às abelhas machos em uma colmeia. Ainda no mundo animal, cada novo pedaço da concha do caramujo tem o tamanho da soma dos dois anteriores. Na botânica, as sementes preenchem o miolo do girassol dispondo-se em dois conjuntos de espirais – em geral, 21 no sentido horário e 34 no sentido contrário. Também a divisão dos galhos de uma árvore segue a sequência de Fibonacci. Com exceção do dedão, em todos os outros dedos da mão do homem as articulações se relacionam na razão áurea e da mesma forma a espiral que os astros formam em torno do sol obedece a esse mesmo critério.
Estética Áurea
O grande trunfo de Steven Marquardt foi transpor a “proporção áurea” para a ciência da estética facial. Hoje se sabe que o valor 1,618 pode resultar tão agradável aos olhos a ponto de ele explicar o enigma da Mona Lisa, que Leonardo da Vinci retratou fazendo uso dele na relação entre o tronco e a cabeça dela, e entre elementos do rosto.
Assim, por mais que os padrões sociais da beleza sejam culturais, geográficos e temporais, e possam variar conforme a raça e o sexo, o fato de a máscara unisex de Marquardt continuar servindo como referência é surpreendente.
Para montá-la, Maquardt também utilizou um vasto banco de imagens de pessoas de várias raças consideradas atraentes. Desse trabalho resultaram alguns parâmetros que definem um rosto bonito.
São eles:
– Simetria facial
– Malar proeminente e jovem
– Lábios carnudos
– Arco da sobrancelha bem sublinhado
– Nariz estreito
– Cor e qualidade da pele.
Da mesma forma, um rosto será considerado harmônico e bonito se apresentar as seguintes características:
– Altura da testa = altura do nariz = 1/3 inferior do rosto
– Largura do nariz = largura dos olhos
– Distância interocular = largura do nariz
– Distância entre os olhos = largura dos olhos
– Largura da boca = largura do nariz x 1,5 (Marquardt defende 1,618)
– Largura da face = largura do nariz x 4
Para pensar
Nem sempre a beleza está relacionada à atratividade, sendo que esta envolve fatores comportamentais, padrões de vestimenta, tom de voz, poder e dinheiro. No reino animal, geralmente, depois que os machos se confrontam, o vencedor leva a fêmea. Assim, por milhões de anos, sucessivamente, o mais forte prevaleceu sobre o mais fraco e passou sua carga genética adiante, o que ajudou a evolução das espécies pela seleção natural do mais forte.
Mas isso não acontece sempre da mesma maneira: a fêmea do pavão escolhe o macho pela exuberância de sua cauda, e a seleção se dá, então, pelo viés da beleza, sendo que essas espécies evoluíram agregando à sua carga genética um padrão estético cada vez mais apurado.
Entre os seres humanos, racionais, a mulher ideal é aquela que seria uma boa “parideira”: a mãe ideal é quem gera descendentes férteis e geneticamente melhorados, em um ambiente favorável. O marido ideal, de seu lado, precisa ser forte para proteger o lar, ter poder e dinheiro para oferecer um ambiente favorável aos filhos, dar-lhes segurança e educação.
A seleção natural incide no ser humano? O homem é o único ser vivo em que a seleção natural não atua. Não existe a prevalência do mais apto. Aqui, todos sobrevivem, aptos ou não, e todos passam à frente sua carga genética, sejam eles fortes ou fracos, bonitos ou feios, em ambiente favorável ou impróprio. Para onde isso pode levar a humanidade, só o tempo dirá…