PREENCHIMENTO PEITORAL

Conteúdo extraído do livro “Ciência e Arte do Preenchimento”, Ed. AGE, 2018.

O procedimento é indicado para pacientes com hipotrofia do músculo peitoral, síndrome de Poland (agenesia do músculo peitoral), assimetria muscular e para pessoas com desproporção corporal local, que não conseguiram revertê-la com exercícios físicos. Alguns problemas de composição corporal podem impedir o desenvolvimento dos músculos do peito por meio do condicionamento físico. Nesses casos, é possível recorrer aos preenchedores para obter uma melhor simetria. O tratamento contempla as porções esternocostal, clavicular e abdominal. O peitoral maior se compõe de duas partes: a porção esternocostal e a porção clavicular. Existe, ainda, uma pequena porção inferior chamada abdominal. O procedimento se inicia pela marcação do ponto sobre a linha média clavicular, onde começa o sulco delto-peitoral. Por ali passam a veia cefálica e alguns ramos da artéria toracoabdominal. Em seguida, traça-se o contorno da porção externa e lateral do osso externo, abaixo dos mamilos.

O objetivo é modelar o músculo peitoral, de forma a deixá-lo mais harmônico em relação ao tórax, e também equilibrar as formas de toda a região superior do tronco. Por ser um procedimento intramuscular, realizado em planos profundos, a substância recomendada é o PMMA, um filler definitivo, que não migra, não é tóxico e tem baixo índice de rejeição corporal. Mas também é possível usar o ácido hialurônico para um preenchimento não definitivo.
O procedimento de preenchimento peitoral é realizado sem necessidade de internação. O paciente recebe o implante de PMMA em espaço adequado, dentro do consultório médico, apenas sob efeito de anestesia local. Normalmente, logo em seguida, ele pode retomar suas atividades diárias normais. Assim como qualquer outro procedimento envolvendo volume em grupos musculares, é necessário evitar atividade física envolvendo a região tratada por sete dias, período no qual o produto se encontra ainda sob a forma líquida.

COMO EU FAÇO – Para este procedimento, utilizo 10 ml de anestésico à base de lidocaína 2% com vaso diluído em 10 ml de soro fisiológico. Uma vez realizada a marcação, conforme avaliação e necessidade de cada paciente, o orifício principal é realizado na região central a ser tratada, e frequentemente um segundo pertuito é feito de modo a favorecer o contorno do peitoral, na região inframamária e esternal. Como o preenchimento é feito de maneira intramuscular, não se pode afastar o risco de pneumotórax. Para evitar esse tipo de complicação, utiliza-se a cânula com angulação mínima de 45-60 graus em relação ao paciente – daí a necessidade de um segundo orifício. Assim como os demais procedimentos, sempre avalio o paciente diante de um espelho, permitindo que opine sobre os resultados, de maneira que eles não gerem surpresas. Um volume considerado bom para essa região varia em torno de 45-60 de cada lado, podendo ser realizada uma sessão complementar após intervalo mínimo de 30 dias, se houver necessidade.

 

Até pouco tempo atrás, a prótese de silicone era a única solução satisfatória em casos de mastectomia ou intervenção estética na região das mamas. Atualmente, existem diversos produtos preenchedores no mercado, cada qual apresentando distintas características: sintéticos ou não, absorvíveis ou permanentes. Em 2010, surgiram no Brasil dois produtos liberados pela Anvisa: o ácido hialurônico (Macrolane), absorvido entre um e dois anos, e o hidrogel (Aqualift), com absorção entre quatro e seis anos, proibido em 2016. Quanto ao Macrolane, sua importação foi suspensa em 2017. Já o Aqualift foi banido do mercado por problemas frequentes, como migração e graves casos de infecção e o segundo devido ao seu custo elevado e pouca procura comercial. Este tipo de procedimento vinha sendo utilizado em outros países, como a Ucrânia e a China, principalmente nos casos em que a paciente não precisava de grandes volumes de filler ou de mastopexia. Essa técnica também funciona para reverter assimetrias e atenuar cicatrizes resultantes da retirada de cisto ou tumores.

COMO EU FAÇO – Embora seja realizado em alguns países, pessoalmente não faço este tipo de tratamento e não recomendo, pelo menos não até que um produto ideal, que possibilite resultados naturais possa ser desenvolvido e que não ofereceça riscos à paciente nem atrapalhe no rastreamento do Ca da mama. Acredito que no futuro a classe médica terá essa substância à mão e que as próteses serão utilizadas apenas em casos especiais, associados a mastopexia. Uma das preocupações mais relevantes é a utilização de produtos que não atrapalhem o rastreamento da doença e o seu diagnóstico, bem como a consolidação de uma uma cultura e um know how que permitam aos médicos identificar e diferenciar a substância preenchedora (assim como no uso de implante mamário) de outros achados mamários. Tenho a convicção de que num futuro próximo, seguindo a tendência de tratamentos cada vez menos invasivos e seguros, com resultados cada vez mais naturais, as próteses serão substituídas por substâncias preenchedoras semipermanentes, ou seja, permanentes até que possa ser retirada (e facilmente retirada) ou então aumentada. Todo o implante deverá dar-se por um pequeno orifício, com uso de microcânulas atraumáticas, sem cortes ou internação hospitalar, com anestesia local e a paciente acompanhando e opinando quanto ao tamanho e ao formato das suas mamas.

Ver Capítulos
Introdução

Em busca da fonte da juventude

Primeira Parte: CONCEITOS DE BELEZA

Anatomia ósse da face
Anatomia da pele
Beleza e Atratividade
– Por que achamos alguém bonito?
– Sequência de Fibonacci
– Estética áurea
– Para pensar
Etiologia do envelhecimento
– Como nos tornamos senis?
– Telômeros e senescência
– Isto é surpreendente!
– Vida útil em discussão
– O equilíbrio da imunidade
O envelhecimento cutâneo
– Fisiopatologia
– Achados clínicos
– Medidas preventivas
– A importância do bom-senso médico no tratamento estético
Transtorno dismórfico corporal
– Etiologia
– TDC e procedimentos estéticos
O potencial de transformação dos fillers
– Condições ideais para um bom produto de preenchimento
– O que é o preenchimento
– Lifting X Ressurfacing
– Técnicas de volumetria
O que a ciência promete para o futuro?

Segunda parte: PREENCHEDORES MAIS USADOS

Não permanentes
Permanentes ou não absorvíveis
Características gerais
Polimetilmetacrilato
Ácido hialurônico
MD Codes
Ácido polilático
– Utilização dos fios de ácido polilático
Hidroxiapatita de cálcio
Hidrogel
Silicone líquido injetável
Outros tratamentos associados a preenchimento
– Toxina botulínica
– Laser CO2 fracionado
Adendo: Análise microscópica do polimetilmetacrilato

Terceira parte: O PASSO A PASSO DA TRANSFORMAÇÃO

Uma plástica minimamente invasiva
O instrumental que se usa
O procedimento e a “mão” do médico
Tipos de anestesia
Perigos do procedimento com preenchedores em geral
Topografia facial e riscos do preenchimento
Complicações e como gerenciá-las

Quarta parte: PROCEDIMENTOS FACIAIS E CORPORAIS

Preenchimento facial
Preenchimento das maçãs do rosto
Preenchimento de rugas, sulcos faciais e cicatrizes
Rinomodelação com preenchimento
Preenchimento da mandíbula
Preenchimento labial
Preenchimento do mento
Preenchimento de pálpebras
Preenchimento peitoral
Preenchimento de glúteos
Preenchimento em lipodistrofia
Bioplastia genital
– Bioplastia e técnicas para aumento do pênis
– Bioplastia de saco escrotal
– Bioplastia de glande
– Bioplastia de vulva
– Bioplastia de clitóris
– Bioplastia de reconstrução após mudança de sexo
Poliomielite
Síndrome de Parry Romberg
Tratamento de celulite e irregularidades cutâneas
Goldincision – Tratamento com subcisão e preenchimento com PMMA

Quinta parte: ASPECTOS JURÍDICOS

A Anvisa e os produtos aprovados por ela
Direito e Medicina
A lei e o uso de implantes líquidos
O Código de Ética Médica

 

 

 

Ciência e Arte do Preenchimento é o primeiro livro do Dr. Roberto Chacur. Na publicação, o Dr. Chacur reúne sua experiência para mostrar a ciência por trás do preenchimento e o requinte da arte na hora de trabalhar harmonização facial e corporal.
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